Filme com Kevin Costner, na Netflix, vai te deixar sem fôlego e com o coração partido em mil pedaços Divulgação / Focus Features

Filme com Kevin Costner, na Netflix, vai te deixar sem fôlego e com o coração partido em mil pedaços

Com Diane Lane e Kevin Costner, “Deixe-o Partir” é um drama inspirado no romance de Larry Watson, que narra a saga dos avós Margaret (Lane) e George (Costner) para encontrar o neto de apenas três anos, depois que seu filho morre e a mãe da criança, Lorna (Kayli Carter), se casa com outro homem e vai embora para Dakota do Norte sem deixar rastros.

“Deixe-o Partir” é dirigido e adaptado para as telas por Thomas Bezucha. Por trás da fotografia amarelada e contrastada de Guy Godfree, a melancolia e a angústia de uma família ainda em luto pelo filho perdido e lutando para não perder o neto para sempre.

Mas do caminho de Montana até a Dakota do Norte, as coisas ficam bem estranhas. A família do padrasto não parece exatamente confiável. Conforme se aproximam do local onde provavelmente está a criança, o cenário fica cada vez mais ameaçador. O drama amarelado começa a obscurecer e a tela é tomada por um céu nublado e sombrio. O que se segue é uma progressão para um suspense policial.

Ali, em uma fazenda isolada, onde agora vivem Lorna e o pequeno Jimmy, Margaret e George pressentem o perigo. Em um ambiente claustrofóbico e precário, os dois parecem reféns de uma família peculiar, agressiva e misteriosa. Mas a recepção hostil não será capaz de afastar os avós tão facilmente. Margaret e George farão de tudo para garantir a segurança do neto.

“Deixe-o Partir” é um filme angustiante, que se torna cada vez mais dramático conforme seus minutos passam. Situações de violência doméstica parecem tão comuns e normalizadas, que às vezes não compreendemos o quão fácil e rápido podemos cair em armadilhas como essa. Quantas vezes não vemos as pessoas culparem as vítimas?

Abalada pela morte do marido, Lorna queria garantia, assim como muitas outras mulheres, que ela e seu filho fossem cuidados por alguém responsável e bondoso. Homens agressivos não vêm com crachá. Nem todos possuem passagens na polícia e podem ser rastreados em sites de Justiça.

A história se passa em 1963 e sabemos que há algumas décadas a violência contra mulheres e crianças era institucionalizada, autorizada, legalizada. Hoje, pode até ser criminalizado, mas a autorização social para bater ainda existe. Afinal, mulheres e crianças precisam ser “controladas” e “disciplinadas”.

O ambiente em que Margaret e George precisam penetrar para salvar Lorna e Jimmy é terrivelmente perigoso e eles não conseguem respaldo na lei para resgatá-los. Conforme o padrasto usa toda a popularidade e influência de sua família para garantir seu controle sobre as vítimas, fica mais complicado para os avós, que se tornam párias na cidade.

Incômodo, indigesto e amargo, “Deixe-o Partir” é um gatilho que vai ativar muitos medos e angústias na mente do espectador. A atuação de Diane Lane certamente se destaca como uma mulher desesperada e disposta a pagar qualquer preço para ter seu neto em segurança de volta. O filme é sobre o amor e sobre como ele é capaz de mover montanhas e obstáculos. “Deixe-o Partir” certamente vai partir seu coração em um milhão de pedacinhos.


Filme: Deixe-o Ir
Direção: Thomas Bezucha
Ano: 2020
Gênero: Drama/Suspense
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.