Um dos melhores filmes de terror de todos os tempos chegou à Netflix e vai te congelar de medo Divulgação / A24

Um dos melhores filmes de terror de todos os tempos chegou à Netflix e vai te congelar de medo

Ari Aster é um fenômeno dos filmes de horror de nossa geração, embora tenha apenas dois longas-metragens em seu currículo. “Hereditário” e “Midsommar” são duas produções que quebraram paradigmas e anunciaram Aster como um dos mais originais filmakers da última década. Antes das duas obras, ele tinha quase uma dezena de curtas concluídos. Em seu primeiro filme para os cinemas, “Hereditário”, o diretor conquistou a parceria da produtora e distribuidora A24, um dos estúdios mais exigentes e cuidadosos na escolha — não de sucessos — mas de produções com valor artístico, hoje, nos Estados Unidos. Com a bem-sucedida sinergia, o acordo se prolongou em “Midsommar”.

Inspirado por cineastas como Robert Eggers e Nagisa Ôshima, ele criou um estilo de terror que não se aproveita de sustos repentinos para criar a atmosfera de medo, mas busca capturar a mente seus espectadores por meio de dramas imersivos que, aos poucos, promovem torturas psicológicas que poderiam muito bem ser  tragédias da vida real. “Hereditário” não tem apenas a boa direção de Aster, que tinha apenas 31 anos quando lançou esse filme, mas o público é muito rapidamente sugado pela trama e pelas boas atuações de Toni Collette e Gabriel Byrne, Milly Shapiro e Alex Wolff. Os quatro interpretam os pais Annie e Steve e os filhos, Charlie e Peter, respectivamente.

Quando a avó da família morre, a convivência entre eles começa a se desintegrar. Apesar de a relação entre Annie e a mãe não ter sido muito estreita, a morte realmente provoca um impacto emocional sobre ela, mas principalmente sobre sua filha, Charlie, que era uma espécie de protegida da avó. A presença da matriarca parece continuar a rondar a casa, e Charlie passa a ter algumas visões sobrenaturais. Quando uma nova fatalidade acontece, coisas ainda mais estranhas estão por vir.

O diretor Ari Aster queria mesmo que os espectadores sentissem o peso da tragédia quando recai sobre uma família e faz a vida parecer, de fato, um pesadelo.  Ele queria que o público se sentisse no mesmo abismo de sofrimento que seus personagens. “Hereditário” é o tipo de história que nos puxa tão profundamente para dentro de seu drama, como uma areia movediça, que quando o horror começa, sentimos como se nosso corpo tivesse sido congelado. Não há reação possível diante que que há por vir, a não ser sentir os braços e pernas frios de tensão e medo.

O filme foi filmado em Utah, sob a direção de fotografia de Pawel Pogorzelski. O lugar foi escolhido por Aster devido às montanhas, que apesar de belas tornam a ambientação ameaçadora e sinistra. Para a trilha sonora, as orientações para o compositor Colin Stetson eram de criar canções que realmente parecessem malignas. O diretor também se preocupou em dar camadas para seus personagens, ao invés de criar papeis rasos. Para cada um deles, Aster escreveu uma biografia e escolheu quem os interpretassem de maneira estratégica. Byrne, Wolff e Shapiro já se conheciam e tinha um relacionamento prévio, enquanto Collette ainda não havia trabalhado ou convivido com nenhum deles. Essa falta de vínculo serviu para que sua personagem tivesse uma desconexão da própria família.

“Hereditário” foi meticulosamente calculado por Aster que, inclusive, queria apenas efeitos especiais que pudessem ser reproduzidos durante as gravações, evitando a criação de efeitos na pós-produção. O filme é daqueles que marca o espectador, que permanece lembrado após anos e que percorre gerações, como “O Bebê de Rosemary”.


Filme: Hereditário
Direção: Ari Aster
Ano: 2017
Gênero: Terror/Psicológico
Nota: 10/10