Livros

Marçal Aquino e Patrícia Melo narram o desmanche brasileiro Adriano Heitmann / Companhia das Letras

Marçal Aquino e Patrícia Melo narram o desmanche brasileiro

Em momentos das últimas décadas, surgiu a ideia de que o Brasil atravessava um período de desmanche. A violência urbana passou a dar o tom das imagens, narrativas e até dos sons. Pintou nas telas de cinema, livros e discos uma sociedade aterradora. Nesse caldo cultural, se destaca a produção ficcional de Marçal Aquino e Patrícia Melo. Ambos dialogam com a linguagem cinematográfica, e a novidade veio da escrita ágil, urgente e muito precisa ao captar uma realidade traumática do país.

Eva descobre que ser mãe é padecer

Eva descobre que ser mãe é padecer

O que “Ligações Perigosas”, de Chordelos de Laclos, tem a ver com “Precisamos Falar Sobre o Kevin”, de Lionel Shriver? São romances epistolares, que se desenrolam por meio de cartas, adaptados para o cinema. Stephen Frears e Milos Forman trouxeram Laclos para os tempos modernos. O filme de Lynne Ramsay ganhou mais notoriedade do que o livro de Shriver. A ponto de se tornar a primeira referência do título.

Inconformismo e negação em Dag Solstad

Inconformismo e negação em Dag Solstad

Autor de extensa obra literária (mais de 30 livros), Dag Solstad publicou aos 47 anos o surpreendente “Romance 11 livro 18”, editado no país por uma pequena editora, a Numa, em 1997. É, portanto, obra de um autor maduro, no pleno domínio de seu metier. A tradução ficou a cargo de uma expert também norueguêsa que se instalou no Brasil, Kristin Lie Garrubo. Podemos, portanto, confiar nas equivalências linguísticas, das quais muito depende o crédito da ficção literária.

O Mestre de Petersburgo, de J. M. Coetzee

O Mestre de Petersburgo, de J. M. Coetzee

O livro narra um encontro imaginário entre Fiódor Dostoiévski e o radical Serguei Nietcháiev, personagem anarquista que inspirou “Os Demônios”. O ano é 1869, e a atmosfera de São Petersburgo está carregada de tensão. Recém-chegado à cidade, Dostoiévski depara-se com a morte enigmática de seu enteado, Pável. Embora a versão oficial aponte para um suicídio, a descoberta de uma lista com nomes destinados à morte no quarto do jovem levanta suspeitas de seus possíveis vínculos com círculos anarquistas.

Cidades da Planície, de Cormac McCarthy

Cidades da Planície, de Cormac McCarthy

Ambientado nos primeiros anos após a Segunda Guerra Mundial, o enredo nos transporta para as vastas e inóspitas terras ao longo da fronteira entre o México e os Estados Unidos. Cole e Parham trabalham numa rústica fazenda de cavalos. O lugar torna-se o palco de uma das narrativas mais melancólicas da literatura americana. A vastidão e a beleza da paisagem, descritas com riqueza de detalhes — uma das marcas de McCarthy, à semelhança do que fez em “Meridiano de Sangue” —, compõem o cenário para a sombria e inimaginável jornada dos dois protagonistas.