Ideias

Deus inútil e ciência ineficaz

Deus inútil e ciência ineficaz

Ao que parece, não é de hoje que a inteligência da espécie está irremediavelmente eivada de equívocos e prisioneira de enganos vários, que tendem a se aprofundar à medida que a civilização avança. Na verdade, o homem precisa reconhecer a sua pequenez no mundo, apear de sua arrogância, e viver a sua saga com a alegria e o encantamento possível.

Por que Picasso é Picasso

Por que Picasso é Picasso

Fala-se muito de Pablo Picasso. Todo mundo já ouviu alguma vez na vida falar em seu nome. E com justiça, visto que o espanhol é o Pelé das artes visuais. Os leigos neste assunto, naturalmente, não sabem definir porque, mas ele é o maior gênio da pintura desde Michelangelo. Bem, felizmente inúmeros gênios existiram para nos encantar, desde a Renascença. Mas a questão não é apenas de talento, e sim, também, de influência.

A poesia para tempos difíceis

A poesia para tempos difíceis

Ficou conhecida a provocação de Theodor Adorno sobre o desafio de fazer poemas depois dos campos de concentração. A indagação apareceu no pós-Segunda Guerra Mundial. Não haveria uma escrita capaz de apreender o sofrimento causado por cidadãos europeus, no coração de que se imaginava ser a civilização exemplar para o mundo todo. Quem produziu o alto pensamento ao longo da História, realizou uma “exibição de atrocidades”, conforme disse bem um romancista inglês.

A fauna dos ridículos

A fauna dos ridículos

Antes das pirâmides e depois delas, a História tem sido tracionada muito mais pelos delírios humanos do que mesmo pela nossa propalada razão. Temos a superstição de que somos predestinados a conquistar a Terra, comer a fruta e chupar a caroço, aprontar um regaço e fazer um oco, e ainda saltar fora como a borboleta cintilante com seus vidrilhos e lantejoulas, abandonando a pupa gosmenta e repugnante.

A responsabilidade de quem escreve

A responsabilidade de quem escreve

De início, recorro à antológica distinção estabelecida pelo sociólogo e crítico literário francês Roland Barthes. Para Barthes existem duas classes de profissionais que trabalham com a palavra escrita: o escritor e o escrevente. O escritor é aquele que trabalha a sua palavra e absorve-se funcionalmente nesse trabalho. Ele tem finalidade estética, postula o belo, o alargamento da realidade por meio do encantamento, da arte literária.