Ideias

Corpos que desaparecem

Corpos que desaparecem

O mês de junho de 2022 está marcado pelo retorno de um fantasma tipicamente latino-americano. Nas figuras de um indigenista brasileiro e de um jornalista inglês, ressurgem os “corpos desaparecidos” — desta vez, no fundo de uma mata escura. Faz um tempo que ocultar cadáveres virou especialidade de chilenos, argentinos, uruguaios e brasileiros. Não se trata de um desvio histórico, mas sim de tecnologia ou forma de gestão social para garantir uma certa ideia de ordem nas coisas.  

O que as palavras criam

O que as palavras criam

Assim falava, e cuspia com raiva. O verbo com as tintas do desmantelo do mundo. E ali o negro humor, o corrosivo sarcasmo, o verbo laminado da fúria, a ferina ironia da língua envenenada. Por conta da queda e do desencanto. O canto cáustico, cítrico, iconoclasta. Ocasionalmente cínico, consoante a circunstância de dar-se o devido troco.

O homem da Idade do Plástico Ales Utouka / Dreamstime

O homem da Idade do Plástico

A Revolução Industrial, a qual sentimos muito próxima de nós, se deu com a liga de ferro e carbono, que vai se firmando como a Idade do Aço. Hoje vivemos um tempo de ligas impensáveis para nossos antecedentes. Mas a liga dominante, creio, é a de plástico, uma liga orgânica de uso infinito, retirada do petróleo pelo processo de craqueamento. Talvez estejamos vivendo a Idade do Plástico, que é uma liga ubíqua: está em tudo e em toda parte.

O medo de morrer nos mata por antecipação

O medo de morrer nos mata por antecipação

Toda atividade humana tem como função básica livrar-se das garras da morte. É para não morrer que a gente dorme, que a gente se levanta, que a gente ama, que a gente estuda, trabalha, xinga, blasfema, reza ladainhas, faz discurso na praça, arruma um ponto de mínimo conforto nas engrenagens da sociedade e acaba por constituir um diferencial, uma persona, uma identidade única no meio de tantas criaturas semelhantes.

Deus não nos salvará, mas morrerá conosco

Deus não nos salvará, mas morrerá conosco

Segundo a hipótese mais aceita nos meios científicos, a vida teria surgido há cerca de 3,5 bilhões de anos, possivelmente em algum lugar da Terra. Ou mesmo em algum planeta de um sistema próximo (em termos cosmológicos) e pode ter vindo parar aqui na garupa de estilhaços retirados de algum corpo celeste por cataclismos de dimensões interestelares. Deduz-se que a vida começou em um ambiente singular, cujas características o Homo sapiens ainda não logrou reconstituir e entabular uns serezinhos animados para concorrer aos já existentes.