Ideias

As cartas esquecidas de Caio Fernando Abreu

As cartas esquecidas de Caio Fernando Abreu

Decidi achar as cartas do Caio Fernando Abreu no meu arquivo (soterrado de papéis, acumulados em décadas). Ele escrevia normalmente para mim nos anos 1970, quando por um tempo fomos muito amigos e nos correspondemos, ele em Porto Alegre, eu em São Paulo. Biógrafos e estudiosos já me pediram essas cartas. Uma biógrafa chegou a duvidar da existência delas, já que eu não ofereço a aparência de um capital simbólico suficiente para convencer os deslumbrados. Mas por algum motivo não cedi. Agora vou revisitar cada uma delas, sem obedecer a nenhuma cronologia. São todas cartas legítimas, originais, com a assinatura do amigo que já tinha grande prestígio na época e se transformou num escritor cult, numa celebridade nacional, queridíssimo por muitos milhares de leitores.

A influência de Cervantes sobre Machado de Assis

A influência de Cervantes sobre Machado de Assis

Nunca me decidi inteiramente entre Machado de Assis e Guimarães Rosa, e há nisto, mais que senso crítico, muito de tendência espiritual. Rosa — da família de titãs de Melville e Tolstói — concede a esperança que jamais contaminou a alma sobrecarregada do escritor fluminense, conhecido pelo pessimismo. O critério assim exposto, da idiossincrasia do leitor, não é inadmissível à luz da teoria da literatura.

Graciliano Ramos e Machado de Assis: adições e subtrações

Graciliano Ramos e Machado de Assis: adições e subtrações

A escrita de Graciliano Ramos, pessoalíssima, muito pouco tem a ver com a elegância de Machado. Em “Origens e Fins”, Carpeaux definiu o estilo do maior romancista da Geração de 1930 como poeticamente clássico, a trair um “oculto passado parnasiano”. É lícito reconhecer que o gênio de Graciliano conseguiu uma síntese aparentemente impossível, a subverter de certo modo o didatismo das classificações e o aparente domínio da matéria expressiva pelos críticos e estudiosos.

Explicando a inexplicável arte pós-moderna Jeff Koons

Explicando a inexplicável arte pós-moderna

Exposição de arte, hoje em dia, parece feira de bugigangas. Citemos o exemplo de uma das mais influentes do mundo: a Feira de Artes de Basel, na Suíça. É a última referência em matéria de “tendências”. Na verdade, lá você encontra literalmente de tudo, sob a chancela da arte: objetos do cotidiano, itens de decoração, projetos, maquetes, gerigonças e, até, arroz com feijão: desenhos, pinturas e esculturas. Neste sentido, é quase como entrar nas lojas da Leroy Merlin.

Ambrose Bierce, 180 anos de humor endiabrado

Ambrose Bierce, 180 anos de humor endiabrado

O autor de um dos títulos mais cultuados da literatura de humor nasceu há 180 anos. Para sermos exatos, em 24 de junho de 1842, no estado de Ohio, EUA. Sobre a data e o local da sua morte, contudo, nada há de exato. Ele é Ambrose Bierce, e o livro celebrado, outro dicionário, mas ficcional: “O Dicionário do Diabo”.