Crônicas

Quem foi que disse que o silêncio não mata

Quem foi que disse que o silêncio não mata

Já parou pra ouvir? Volta e meia, o silêncio tenta nos dizer tantas coisas, sussurrar segredos lá dentro dos nossos ouvidos, mas estamos ocupados demais para prestar atenção. Ou então tagarelando, jogando conversa fora, linguarudos toda a vida. Só um zíper pra fechar nossa boca maldita. Que, aliás, nem sempre funciona. Há silêncios de todos os jeitos, tonalidades, inflexões, cores e propósitos. Silêncios poéticos. Teatrais. Os discretos discursos da alma.

É proibido ser feliz sozinho

É proibido ser feliz sozinho

Aviso: é proibido fazer trocadilhos nesta área. Mais que impossível, é proibido ser feliz sozinho. É proibido sentir ódio de frente ao mar. Já melancolia, paixão e saudade: pode. A regra é clara: é proibido aos goleiros ateus operarem milagres. É proibida a criação de novas duplas sertanejas em cativeiro. É proibido abortar um poema em germinação. Já chega de tanta prosa e literatura de autoajuda. É proibido calar-se frente a tanta iniquidade.

Três vezes Woody

Nos últimos dias fui perseguido por fantasmas dos filmes de Woody por três vezes. Na primeira delas, eu praticava meu atual esporte predileto — criticar a imprensa — num restaurante em Brasília. Éramos dois médicos e uma psicóloga “contra” um jornalista, professor da PUC Campinas. O placar estava folgado a nosso favor, quando ele, acuado, sacou da cartola, Marshall MacLuhan. Na hora me lembrei da maravilhosa cena do excepcional Annie Hall, em que um cidadão emite suas opiniões sobre Fellini em voz alta na fila do cinema. Alvy Singer (Woody) se irrita e reclama, daí o sujeito saca Marshall MacLuhan.