Crônicas

A fofoca é tão gostosa quanto o espirro

A fofoca é tão gostosa quanto o espirro

Vai dizer que não. Fofoca é mania de gente miúda, comezinha, medíocre. Cabeças vazias de pensamentos e ideias. Comportamentos lobotomizados. Fala automática, robotizada. Olhar fosco de tamanha ausência de vida e assuntos. Quer mais definições? A fofoca tem olhos compridos, dentes nos olhos, ainda por cima. Olhares oblíquos e dissimulados. E os sorrisos decorrentes dela? Transversos, tortos, maledicentes. Gotas de azinhavre escorrendo da comissura labial direita. O disse-me-disse deriva da inveja.

100 desculpas ou mentiras triviais

100 desculpas ou mentiras triviais

Não há na rotina das pessoas algo mais presente e verdadeiro do que as pequenas mentiras em forma de desculpas. Ou as grandes desculpas em forma de pequenas mentiras.  Se alguém se metesse a dizer a verdade, nada mais que a verdade, em todas as circunstâncias da vida, é 100% certo de que não teria a menor chance de sobrevida. A mentira é o azeite que faz a engrenagem social deslizar com o menor atrito possível. E para você sobreviver bem, aí vão 100 sugestões de mentiras e desculpas.

Solte suas cobras e lagartos

Solte suas cobras e lagartos

O tema desta crônica, avisamos desde já, se imiscuirá mata adentro nas florestas do nosso imaginário.  Trata-se de expedição singular que acompanhará o traçado das próximas linhas, munida apenas de facões, lanternas e espírito bandeirante. Clamamos então pelos selvagens que em nós habitam cobertos apenas pela pureza de seu primitivo instinto. O território é livre.

A fantástica entrevista com o papa

A fantástica entrevista com o papa

O combinado com os assessores papais era que o papai aqui falaria com o pontífice após a santa missa em Aparecida do Norte. Então, catei o meu saco de pipocas tamanho dois reais (portas de igrejas que não possuam pipoqueiros, cachorros decadentes, ou pombos defecando, simplesmente não merecem a menor consideração deste energúmeno que vos fala, ou melhor, vos escreve) e arrumei um cantinho no enorme templo, embaixo de uma santa cuja vela de sete dias fumegava e, de tempos em tempos, gotejava cera quente sobre a minha careca, especialmente quando os meus pensamentos se desprendiam da cerimônia rumo às “pernas de louça da moça que passa e eu não posso pegar”.