Autor: Graça Taguti

Eu amo dormir. Minha vida tem a tendência de desmoronar quando estou acordado, sabe?

Eu amo dormir. Minha vida tem a tendência de desmoronar quando estou acordado, sabe?

Alguns dizem que o sono é irmão-gêmeo da morte. Eu discordo. Pode ser até que dormir seja a antessala do adeus à vida. A lucidez, o pseudo controle sobre nossos atos e situações, a pretensa sensatez cotidiana se esvaem quando fechamos os olhos. Neste instante perdemos os braços e ganhamos asas cintilantes. Sobrevoamos todo o universo, respirando o melhor oxigênio fabricado pela natureza.

É preciso amar as pessoas como se elas fossem sexta-feira

É preciso amar as pessoas como se elas fossem sexta-feira

Imagine a cena. Som histérico de despertador macabro. Você, na cama, ainda de olhos fechados, tenta lembrar aonde guardou o martelo, para esmigalhar esse desmancha prazeres. Afinal levanta, porque não tem mais jeito. Por um instante, deita de novo e pensa em se entupir de barbitúricos pra dormir sem preocupações… Simplesmente porque é Segunda-Feira.

Lágrimas não são argumentos

Lágrimas não são argumentos

Desde quando o choro é sempre de verdade. Pode ser de mentirinha, cheio de intenções pra conseguir o que se quer mais lá na frente. Desde quando gritar “Eu te amo!”, no meio da calçada diante do Ministério da Fazenda, com os miolos torrando debaixo do sol do meio dia, é um “eu te amo” pra valer. Ou então atulhar um post no facebook com coraçõezinhos, beijinhos, dúzias de rosas vermelhas. Declarações em praça pública. Puxa. Parece que ninguém escuta, se você não gritar, exagerar, teatralizar. O seu amado, então, comenta-se ter virado surdo de vez.

Somos feitos de carne. Mas temos de viver como se fôssemos de ferro

Somos feitos de carne. Mas temos de viver como se fôssemos de ferro

O primeiro soco ninguém esquece. Soco no coração, quando a mãe nos abandona sem ao menos terminar uma frase. Cadê o leite, o afago, o mimo. O colo pra se encostar a cabeça. Não há ninguém na casa. Um som surdo de obra na pedreira adiante estupra o vazio dos quatro ambientes ligados à varanda. A lenha está murcha e desalentada no fogão. Você gostaria de aquecer seus sonhos com um mingau de aveia, mas a despensa morre de frio e abandono nas prateleiras.

Eu sofro de mimfobia. E você?

Eu sofro de mimfobia. E você?

Está na hora de colocar em pratos limpos tudo o que a gente guarda e esconde em nossa cozinha mental. Fobia é medo, terror, perna bamba, paralisia muscular repentina. E por aí segue lista da diversificada sintomatologia. Pra que negar. Eu sofro de mimfobia e morro de medo dos outros que moram dentro da minha cabeça e cutucam minhas ações e decisões, presentes ou futuras. E você?