Crônicas

Diabruras humanas desde o grande sertão veredas até o meridiano de sangue

Diabruras humanas desde o grande sertão veredas até o meridiano de sangue

As histórias sucedem mais ou menos na mesma época, ou seja, a partir da segunda metade do século 19. “Meridiano de Sangue” se passa no inóspito oeste nos Estados Unidos da América, numa zona cruenta onde digladiam os conquistadores americanos brancos, os indígenas e os mexicanos. O cenário do “Grande Sertão: Veredas” é aquele território árido dos sertões mineiro, goiano e baiano, dominado pela sede, pela fome, pelo medo, pela solidão e pela selvageria que, se não garante a existência, pelo menos, adia a morte.

Eu gosto do papa, eu gosto de Cristo e eu amo jujuba

Eu gosto do papa, eu gosto de Cristo e eu amo jujuba

Tive ontem uma noite memorável. Fui com minha gata e bons amigos ao show dos Titãs. Lá estavam eles, os sete remanescentes da formação original, acompanhados pelo imantado produtor musical Liminha, ex-integrante dos Mutantes, que fez as vezes do Marcelo Fromer — fatidicamente morto por atropelamento em 2001 — no violão e na guitarra. Eu não sabia que o Branco Mello tinha tido um câncer de garganta e que havia se submetido a tratamento oncológico nos últimos meses.

O diagnóstico da tristeza

O diagnóstico da tristeza

Certos perrengues exame nenhum diagnostica. Lourdes perdeu a mãe fazia dois anos. Perdeu-a, literalmente. Padecia a pobre senhora de doença de Alzheimer em estágio avançado. Certo dia, alguém esqueceu aberto o portão da casa onde moravam e a velhota se espreitou feito um cachorrinho matreiro, só que sem correria, sem ansiedade e sem apavoramento. Saiu andando nos suaves passos da maturidade por um mundo repleto de paisagens e de pessoas que jamais houvera visto antes.

Saí para catar coquinho e não sei se eu volto

Saí para catar coquinho e não sei se eu volto

O mundo dá voltas. Esse mundo dá voltas ao redor da minha cabeça. Não sou um astro. Não sou o sol. Não sou um rei. Sou só um homem arredio, um tanto sem sal, um tanto sem soul, salpicado de poeira cósmica, conforme um planeta desabitado, sem água, sem atmosfera respirável, sem microrganismos vivos, sem aliados, alinhado a outras séries de conluios interplanetários desprovidos de qualquer significado astrológico relevante.

Ser mãe é bater de frente com a culpa e precisar prosseguir. É dar à luz e também nascer no parto

Ser mãe é bater de frente com a culpa e precisar prosseguir. É dar à luz e também nascer no parto

Há os que tentam explicar essa mistura de leoa que protege a cria rangendo os dentes ao mesmo tempo que a acolhe em braços ternos. Há quem tente nominar esse sentimento que impressiona e intriga. Mas é tolice buscar explicação para a intensidade que sustenta o mais nobre dos amores. É inútil querer entender. Ser mãe apenas é… é peito que chora com o choro da prole, é sono que some com o filho na rua, é sorriso que se alarga com o primeiro passo, o primeiro dente, o primeiro emprego e todo o resto que virá.