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De uma aldeia na Ucrânia ao quarto de pensão no Rio: ela enterrou a mãe, criou um filho doente e mudou a literatura brasileira Acervo / IMS

De uma aldeia na Ucrânia ao quarto de pensão no Rio: ela enterrou a mãe, criou um filho doente e mudou a literatura brasileira

A luz do estúdio é reta, quase clínica. A câmera avança até encontrar uma mulher de rosto exausto, cabelos presos sem rigor, cigarro entre dedos que tremem de leve. Ela responde devagar, o olhar se desvia por um segundo para fora do quadro, como se algo atrás da lente a chamasse. A voz é baixa, áspera, arrasta vogais, esconde o riso. Fala de infância, de escrita, do desconforto de estar ali.

A mulher que atravessou ditaduras, censura, amores e uma doença implacável até desaparecer em silêncio: Tônia Carrero

A mulher que atravessou ditaduras, censura, amores e uma doença implacável até desaparecer em silêncio: Tônia Carrero

No alto de um prédio perto do mar, a cidade continua a girar, carros, buzinas, televisores acesos na sala dos vizinhos. Naquele apartamento, porém, o tempo corre em outra escala. A porta ainda recebe flores trazidas por motoristas apressados, bilhetes escritos à caneta, convites para estreias que já não terão resposta. Lá dentro, a luz cai macia sobre quadros envelhecidos e fotografias emolduradas que repetem o mesmo rosto em décadas diferentes.

Ele disse: “ninguém abandona um homem como eu”. Ela pegou os filhos e saiu. A artista que recusou ser só mulher de Picasso Foto / Endre Rozsda

Ele disse: “ninguém abandona um homem como eu”. Ela pegou os filhos e saiu. A artista que recusou ser só mulher de Picasso

No fim da tarde, o apartamento em Nova York parece suspenso dentro de um aquário silencioso. As telas encostadas nas paredes guardam azuis ásperos, verdes que lembram campos dos arredores de Paris, rostos sem biografia de celebridade. Com mais de cem anos, Françoise Gilot se inclina sobre uma aquarela recente; a mão continua firme, disciplinada por décadas de teimosia. Ainda ecoa, entre livros e tintas, a frase antiga e intacta: ninguém abandona um homem como eu.

Academia Brasileira de Escritores empossa dez imortais e aposta em direitos humanos e cooperação lusófona

Academia Brasileira de Escritores empossa dez imortais e aposta em direitos humanos e cooperação lusófona

Amanhã, na Unibes Cultural, em São Paulo, a Academia Brasileira de Escritores realiza cerimônia de posse de dez imortais e 36 chanceleres. Com programação que inclui seminário sobre direitos humanos, memória e justiça social, o evento reúne pesquisadores, escritores, líderes religiosos e autores de países de língua portuguesa. A entidade, criada em 2011, busca consolidar atuação nacional na formação de leitores, edição de novos autores e articulação de projetos literários, ampliando parcerias, circulação e presença pública em várias regiões brasileiras.

As principais obras de arte dos maiores museus brasileiros podem ser vistas online, na tela do seu celular

As principais obras de arte dos maiores museus brasileiros podem ser vistas online, na tela do seu celular

Iniciativa sem fins lucrativos do Instituto Cultural do Google, o Google Arts & Culture integra museus brasileiros ao lado de instituições estrangeiras, disponibilizando recortes de acervos históricos e artísticos pela internet. Na plataforma, o público encontra milhares de obras do Museu Nacional de Belas Artes, exposições virtuais do Museu Histórico Nacional, do Museu da República e do Museu Lasar Segall, além de tours em 360 graus por edifícios como o Museu Imperial, em Petrópolis, oferecendo formas de consulta e estudo.