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O livro mais belo e mais injustiçado da história da literatura

O livro mais belo e mais injustiçado da história da literatura

A luz de Los Angeles, feita para enganar, cintila, irônica, sobre Arturo Bandini. Menino de Colorado com sonhos maiores que o estômago e que a carteira, mas menores que seu orgulho. O quarto apertado, papel amarelecido na gaveta e meia dúzia de laranjas entre dentes quebradiços; um sujeito insistindo em ser Joyce sem ter a quem contar. Miséria é uma palavra que ele não conhece, ou se conhece, finge esquecer na esquina seguinte, onde as prostitutas se oferecem com a cumplicidade amarga das notas enviadas pela mãe. Há algo sobre fracasso que ninguém quer ver, algo escondido na pretensão ingênua de uma ambição nunca cumprida.

Como usar a inteligência artificial a seu favor

Como usar a inteligência artificial a seu favor

O problema é que, às vezes, algo muito doido acontece: as inteligências artificiais alucinam e acabam atrapalhando. Alucinar é o termo usado para dizer que a inteligência artificial inventou informações — o que ainda acontece bastante. O problema é que a inteligência artificial alucina, mas quem é taxado de maluco e mandado embora é o cara que a usou para o seu trabalho.

NA-NA-NA-NA-NA-NA-NA

NA-NA-NA-NA-NA-NA-NA

Chamar Paul McCartney de velho seria um insulto à própria velhice. A mocidade apegou-se a ele desde os primórdios da beatlemania até os dias atuais, quando continua a subir no palco para testar os limites físicos de suas cordas vocais enrijecidas pelo tempo. Desafinar todo mundo desafina. Não vão querer exigir afinação perfeita de um homem de 83 anos de idade. Há, contudo, que se desafinar com elegância. Desafiar o tempo. Destilar o amor sob olhares de contentamento. Amor é troca. Amor é via de mão dupla.

Stephen King é o McDonald’s da literatura?

Stephen King é o McDonald’s da literatura?

Ele não pede licença. Entra como fumaça por debaixo da porta, sem polidez nem mistério. Stephen King escreve como quem sangra e ri ao mesmo tempo, sem remorso, sem polimento. Seus livros são muitos, talvez demais, e essa abundância confunde. Alguns veem excesso, outros veem fôlego. Há quem o ame com culpa e quem o odeie com preguiça. Mas ignorá-lo é impossível. Ele construiu uma estrada entre o medo e o afeto — uma estrada larga, de pista dupla. E continua ali, dia após dia, servindo histórias como quem serve fast-food quente em bandejas literárias que ardem na mão.

Carlos Marcelo transforma um livro perdido num milagre narrativo

Carlos Marcelo transforma um livro perdido num milagre narrativo

Carlos Marcelo transforma um livro esquecido em milagre narrativo ao reeditar “O Escutador”, romance original de 1958 assinado por Ademir Lins. O que poderia ser apenas um gesto arqueológico se revela uma experiência literária intensa, lírica e carregada de ecos. Mais que um romance, o livro é um exercício radical de escuta: do outro, de si, do silêncio e do que ficou por dizer. Entre memórias, plágios assumidos e delírios de identidade, emerge uma história profundamente brasileira, narrada por um jovem que escutava escritores e, ao escutá-los, escrevia a si mesmo. Um livro raro, perturbador — e absolutamente necessário.