O livro mais belo e mais injustiçado da história da literatura
A luz de Los Angeles, feita para enganar, cintila, irônica, sobre Arturo Bandini. Menino de Colorado com sonhos maiores que o estômago e que a carteira, mas menores que seu orgulho. O quarto apertado, papel amarelecido na gaveta e meia dúzia de laranjas entre dentes quebradiços; um sujeito insistindo em ser Joyce sem ter a quem contar. Miséria é uma palavra que ele não conhece, ou se conhece, finge esquecer na esquina seguinte, onde as prostitutas se oferecem com a cumplicidade amarga das notas enviadas pela mãe. Há algo sobre fracasso que ninguém quer ver, algo escondido na pretensão ingênua de uma ambição nunca cumprida.