Uma tradição bastante controversa é o mote de “O Cavaleiro do Rei” (2022), em que o diretor nigeriano Biyi Bandele (1967-2022) fala da intransigência do destino a partir de um argumento incompreensível à civilização, e com todos os motivos, por mais que a milenar cultura da Nigéria, onde se passa a história, mereça o respeito devido.
A arte é uma maneira de manter viva a memória, a história, a tradição e nos lembrar de que, às vezes, a sociedade e seu modo de vida precisa evoluir. Não fosse o cinema, nomes como do matemático Alan Turing seriam conhecidos por poucos e sua história seria ofuscada para, não tão tarde, ser esquecida de uma vez por todas. Com atuação brilhante de Benedict Cumberbatch (sempre talentoso e primoroso em tudo que se propõe a fazer), conhecemos a extraordinária e igualmente triste história do homem que informatizou o mundo e o salvou dos nazistas.
Enola, a irmã mais nova do decano da investigação particular mundial, continua seu périplo pelos becos enlameados de uma Londres nada encantadora, de tipos cheios de contas a acertar com a justiça. “Enola Holmes 2” (2022), de Harry Bradbeer, projeta a heroína de Springer para uma nova fase, em que se vê obrigada a encarar situações mais desafiadoras se quiser mesmo fazer sombra ao prestígio do irmão, Sherlock.
A protagonista de “Mar” (2018), da portuguesa Margarida Gil, transita entre dois universos: quer se refazer, se reinventar, tornar a algum pedaço agora desconhecido de sua história tão fragmentada, ao passo que é absorvida por suas mágoas, pela dor de se reconhecer pequena, impotente, vulnerável a ataques perpetrados por si mesma, como se vítima de um mal físico que sabota o organismo que lhe dá guarida, e este por seu turno rapidamente ergue uma poderosa muralha de defesa.
A cerimônia do Oscar é sempre o evento de cinema mais aguardado no mundo. Os filmes que ganham indicações representam as melhores produções cinematográficas do ano e se tornam referências para os futuros cineastas e as próximas obras. Muitos se tornam clássicos e objeto de estudo audiovisual e antropológico. Em toda a grandeza do cinema, essas produções documentam não apenas a visão de um realizador, mas a história do mundo.
