Ganhador do Oscar, filme eletrizante e angustiante, na Netflix, vale cada centésimo de segundo do seu tempo Jack English / Weinstein Company

Ganhador do Oscar, filme eletrizante e angustiante, na Netflix, vale cada centésimo de segundo do seu tempo

Vitorioso na categoria de melhor roteiro adaptado no Oscar de 2015, “O Jogo da Imitação” conta a história de Alan Turing, o matemático, cientista da computação, criptoanalista, homossexual, maratonista e gênio que transformou a humanidade e, ainda sim, foi punido por ela. O céu guarda um lugar especial para os injustiçados e Turing certamente terá seu pódio por lá. Responsável por criar um computador que decifrou mensagens criptografadas dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e informatizou o mundo a partir de então, foi graças a ele que o tempo nos campos de batalha e as vidas de soldados fadados à morte foram evitadas.

Por meio da atuação de Benedict Cumberbatch, acostumado a interpretar gênios incompreendidos e estranhamente desajustados socialmente (vide “Sherlock”), que conhecemos a biografia de Turing, que passou muito tempo desconhecida. O cientista foi condenado à castração química em 1952 por ser gay, o que era crime na Inglaterra, de acordo com uma lei de 1885. Ele foi obrigado a levar injeções dietilestilbestrol, o que provocou sua impotência sexual. Além disso, Turing perdeu os cargos no governo, foi banido dos Estados Unidos e acusado de espionagem. Após esse desmantelamento de sua estrutura física e emocional, Turing cometeu suicídio em junho de 1954, por ingestão de cianeto.

Mas na atuação arrogante e ao mesmo tempo vulnerável de Cumberbatch acompanhamos o decorrer dos anos da vida do matemático, a descoberta sexual, o envolvimento com sua colega Joan Clarke (Keira Knightley) e sua importante participação e contribuição para o fim da Segunda Guerra. Uma referência ao enigma que Turing pretende solucionar, o roteiro é construído como um quebra-cabeça em três linhas temporais em momentos-chaves de sua vida.

Um thriller tão extremamente empolgante e complexo quanto angustiante, a produção é uma ode à genialidade e as conquistas científicas de Turing, reconhecidamente heroico e perdoado por sua “indecência grosseira”, postumamente, pela rainha em 2013. O destino, às vezes, parece uma piada de mau-gosto.


Filme: O Jogo da Imitação
Direção: Morten Tyldum
Ano: 2014
Gênero: Biografia / Thriller/ Drama
Nota: 10/10