50 tons de cinza: o amor é fogo que arde sem se ver?

50 tons de cinza: o amor é fogo que arde sem se ver?

Lia parcamente. Vivia porcamente. Não gostava de poesia. Nunca ouvira falar em Luís Vaz de Camões. Era viciado em sexo, mas, péssimo nas traições. Regra geral, algo sempre saía errado. Por exemplo: o lance da tortura erótica com uma vela de sete dias durou apenas sete minutos e foi um verdadeiro fiasco: o sujeito foi parar num pronto-socorro com queimaduras de segundo grau nos colhões. Em matéria de aventuras extraconjugais, era assíduo, mas, desajeitado.

Não basta apenas sobreviver. Para viver é preciso sonhar

Não basta apenas sobreviver. Para viver é preciso sonhar

O que seria de nós, com todos os nossos medos, incertezas e angústias, sem o reconforto que a esperança nos dá? O viver não passaria de um purgatório sem saída ou uma prisão perpétua, a sensação indefinida de respirar por aparelhos. Uma tristeza profunda acomete os desiludidos e incrédulos, essa gente que vive dia após dia na passividade e aceitação do que a vida dá em doses homeopáticas. Seres desinteressados e desanimados, indiferentes com o amanhã, são miseráveis em sua escassez de paixão, de vontade… De viver. Só quem tem esperança é capaz de sonhar. E quem sonha, seguramente, é mais feliz!

Tem livros que insistem em nos largar

Tem livros que insistem em nos largar

Tem livros que insistem em nos largar. A gente se esforça pra gostar, volta, relê, mas não adianta: o livro não vai. Quando bati o olho em “Ele Está de Volta”, de Timur Vermes (Intrínseca), foi atração imediata. Só que Timur Vermes confunde “tema” com “trama”. Hitler no século 21 é um bom tema, mas não chega a ser uma trama. E aí, como não tem uma história pra contar, o que sobra são longuíssimas observações de Adolf Hitler sobre a decadência do mundo e da Alemanha, em particular. Lá pelas tantas, você começa a suspeitar que o autor simpatiza demais com as ideias do personagem.

Deixemos de coisa. O que mata mesmo é abrir mão de viver

Deixemos de coisa. O que mata mesmo é abrir mão de viver

Sim. Eu tenho o coração tomado de amor. Sou dessa gente que vai com tudo, caminha na brasa, mergulha na lava, se joga no fogo louco do encontro. Da vida, quero nada senão viver assim. Em chamas. É daí que vem todo o resto. Comigo, essa história de pé atrás não funciona, não. O amor chega e entra com os dois pés e o que mais há em volta. Invade a casa com dez trilhões de células e meia dúzia de lembranças para dividir feito pão e vinho. Contenção no amor é desperdício, sonolência, anticlímax, chateação. Quem sente amor tem a pele fustigada por um raio, voa baixo, treme de susto.

Amores de fast food matam o coração

Amores de fast food matam o coração

Porque legal mesmo é sair traçando tudo o que se vê pela frente, deixando fluídos por aqui e acolá, espalhando sementes em terras úmidas sem a menor precaução e preocupação com o terreno alheio. Não se engane. A fome desvairada por provar todos os quitutes da festa passa, e o vazio que fica é um buraco tão fundo e tão escuro que vai desencadear meses de insônia e muito, mas muito arrependimento por ter sido tão permissivo.