Filme escondido da Netflix é um pequeno diamante e uma aula de história Divulgação / Signature Entertainment

Filme escondido da Netflix é um pequeno diamante e uma aula de história

O cinema continua explorando os enigmas do Oriente em “Nas Muralhas da Fortaleza” (2017), onde a narrativa é tão repleta de reviravoltas quanto de minúcias, revelando dificuldades em captar a perspectiva de culturas distantes tanto geográfica quanto temporalmente do Ocidente. 

No filme dirigido por Hwang Dong-Hyuk, a saga épica transcende o real, retratando a luta pela soberania coreana contra invasores chineses em 1636. Essa luta universaliza emoções, permitindo uma compreensão global das tensões apresentadas, embora “Nas Muralhas da Fortaleza” explore profundamente as ramificações de uma submissão externa em uma nação historicamente guerreira. Dong-Hyuk explora com delicadeza os eventos que levaram ao surgimento da dinastia Qing, a última linhagem imperial da China, que governou de 1644 a 1912.  

Originária de uma minoria nômade do leste asiático, a dinastia Qing levou oito anos para consolidar seu poder com a conquista de Pequim, executando estratégias audaciosas que incluíram manobras políticas e militares para expandir seu território. A resistência apenas se materializa quando enfrentam o rei Injo, interpretado por Park Hae-Il, o 16º monarca da dinastia Joseon. Injo se recusa a ceder ao líder chinês, resultando em seu exército se entrincheirando na fortaleza Namhan durante um rigoroso inverno, mantendo suas linhas vitais de suprimentos enquanto os Qing cercam a fortaleza. Dentro dos muros, um intenso debate político se desenrola entre os conselheiros de Injo, divididos entre a entrega do príncipe herdeiro como garantia de paz e a manutenção da integridade nacional a todo custo. 

Adaptando o romance de Kim Hoon, “Namhansanseong” (2007), Hwang apresenta uma narrativa que pode parecer obscura para muitos, mas destaca a duplicidade de Choi e o patriotismo de Kim, elementos que definem os rumos da trama e sublinham a complexidade das decisões em épocas de outros padrões civilizatórios. 

As críticas a Hwang Dong-Hyuk por sua abordagem revisionista em “Nas Muralhas da Fortaleza” refletem um descontentamento com a ênfase prolongada na política em detrimento das cenas de ação, uma escolha deliberada do diretor que enriquece a obra. A produção se destaca por seu realismo nos cenários, um elenco afiado, figurinos autênticos e uma trilha sonora incisiva de Ryuichi Sakamoto, também conhecido por seu trabalho em “The Revenant” (2016) de Alejandro González Iñárritu, oferecendo tanto uma experiência intelectualmente robusta quanto um entretenimento de qualidade. 


Filme: Nas Muralhas da Fortaleza
Direção: Hwang Dong-Hyuk
Ano: 2017
Gênero: Ação/Drama
Nota: 9/10