Prepare-se para ficar tenso por 87 minutos: o filme da Netflix que é a maior descarga de adrenalina na história recente do cinema Divulgação / Sony Pictures

Prepare-se para ficar tenso por 87 minutos: o filme da Netflix que é a maior descarga de adrenalina na história recente do cinema

Em um confronto com a brutalidade do oceano, uma surfista enfrenta o terror ao ser atacada por um grande tubarão branco, desdobrando-se em um embate de quase uma hora e meia. “Águas Rasas” retrata esse episódio sem poder mencionar explicitamente o temido predador dos mares. A habilidade do diretor Jaume Collet-Serra em orquestrar o suspense e o terror nas cenas escritas por Anthony Jaswinski é notável.  

 O realismo da representação do tubarão é tão convincente quanto o de seu famoso antecessor cinematográfico, e os modelos usados para as sequências são de uma autenticidade impressionante, com um vasto cenário aquático. A escolha de filmar em uma praia australiana, apesar de representar uma localidade mexicana, adiciona uma camada extra de autenticidade à narrativa, capturando o espectador no momento em que o tubarão aparece, fazendo-o duvidar de sua própria segurança. 

Blake Lively brilha no papel de Nancy Adams, uma ex-estudante de medicina que retorna à praia mexicana que sua mãe, que morreu de câncer, amava. A inclusão de fotos da mãe e diálogos via videochamada com seu pai (Brett Cullen) e sua irmã mais nova, Chloe (Sedona Legge), não adiciona pistas significativas à trama, nem serve como distração, mas sim complica a narrativa. Eventualmente, Collet-Serra percebe que a simplicidade e a tensão são os pontos centrais de “Águas Rasas”. 

Apesar de ser comercializado como um filme de terror, comparável a “Tubarão” de 1975, este filme de 2016 estabelece sua própria identidade. É um thriller emocionante sobre a luta pela vida. A protagonista, inicialmente percebida como vulnerável, enfrenta desafios monumentais contra uma criatura imensa e audaz. Lively mostra uma atuação notável, fruto de intensa preparação, permitindo-lhe dominar as cenas intensas dirigidas por Collet-Serra, que opta por closes que realçam a estética visual do filme. 

Os coadjuvantes, incluindo Óscar Jaenada como Carlos, que leva Nancy ao que parece um paraíso mas se revela infernal, cumprem bem seus papéis limitados, mesmo que Collet-Serra pareça apressar seu destino trágico nas mãos do antagonista marinho. Com uma abordagem surpreendentemente minimalista, o diretor explora o ambiente digital aquático para criar uma visão cinematográfica que brinca com as texturas e tonalidades da luz solar penetrando na água, contrastando com o sangue que tinge o azul do mar e as águas-vivas que aparecem de forma inesperada. 

O filme, embora intenso e focado na dura luta de uma mulher contra uma ameaça letal, também encontra espaço para momentos de leveza filosófica, como a interação da protagonista com uma gaivota, ironicamente chamada Steven. “Águas Rasas” não hesita em ser mais do que uma simples narrativa de suspense, posicionando-se como um filme que explora profundamente os temas de sobrevivência e resistência humana, estabelecendo-se firmemente por mérito próprio. 


Filme: Águas Rasas 
Direção: Jaume Collet-Serra 
Ano: 2016 
Gênero: Suspense 
Nota: 9/10