Paul McCartney fala com exclusividade a Revista Bula

Deu nos jornais que Paul McCartney trouxe chuva ao Brasil. Eu nem precisava ler, pois presenciei parte da coisa bem de perto. Paul derramou lágrimas do céu e chuva dos olhos dos fãs. Na sua passagem por Cariacica, Brasília e São Paulo, ele deu banho de vitalidade e carisma. Salvou o meu ano e, ainda por cima, está me ensinando a relevar a humanidade. Quando vejo Paul McCartney metendo bronca no palco, brilhando como um daqueles rojões que sempre espocam durante a performance ao vivo de “Live and let die”, chego a pensar que o ser humano talvez tenha remédio. “The love you take is equal to the love you make”. É isso aí.

A esperança é um coração indomável

A esperança é um coração indomável

Quando a mulher a viu, depois de muitos anos, ela continuava sentada no canto daquele quarto antigo. A mulher estava de férias e foi para a casa dos seus pais. Levou suas dúvidas novas para onde sabia que estavam todas aquelas saudades velhas. Ela ainda morava na capital do estado naquela época, mas já cogitava voltar para o interior. Era uma decisão difícil já que estava trabalhando havia alguns anos na cidade que nunca dormia. Tinha medo de começar tudo de novo, não sabia como seria voltar para sua cidade depois de tanto tempo morando fora. Estava se sentindo perdida, pois também já imaginava como seria se despedir da parte boa da sua vida se realmente fosse embora.

Tinha de ser o Chaves!

Tinha de ser o Chaves!

Sim, eu também sou grato para sempre a Roberto Gómez Bolaños. Não por nada, não. É por tudo mesmo. Ter sido criança nos anos 80 do século passado tem quase tudo a ver com esse homem e sua arte. Minha família tinha acabado de trocar Araraquara por um dos últimos bairros da zona leste de São Paulo. Naquele lugar hoje tão distante mas tão perto do meu coração, um canto do mundo onde saltei da infância à adolescência na companhia de um povo valioso que fazia tanto a partir de tão pouco, a gente assistia ao Chaves na hora do almoço, na antiga TVS, mastigando salsicha com arroz no caldo knorr e salada de batata, e a vida parece que dava um desconto, sabe? Ficava mais fácil.

O amor é cego e não deve andar sozinho

O amor é cego e não deve andar sozinho

Ah o amor… Ele chega sem avisar, sem cerimônia, abrindo as portas e janelas, deixando o sol entrar, o mofo sair. Vem, pode vir, liga o rádio, vem varrendo a sala, trazendo flores aqui pra dentro. Pinta as paredes do coração em tons alegres com essa felicidade juvenil, enquanto o cheiro de casa nova e pão quentinho se espalham aqui dentro. Aquele lugar frio, obscuro, abandonado, que já foi sinônimo de ranço e solidão — quem diria — se transformou em pousada em frente à praia! O sorriso, todo mundo diz, parece que está carimbado no rosto. Até suspeito que, mesmo em sono profundo, ele é pertinente e espaçoso. O respirar virou suspiro e a cabeça foi parar nas nuvens, em Marte, nas estrelas… Em você.

Somos feitos de carne. Mas temos de viver como se fôssemos de ferro

Somos feitos de carne. Mas temos de viver como se fôssemos de ferro

O primeiro soco ninguém esquece. Soco no coração, quando a mãe nos abandona sem ao menos terminar uma frase. Cadê o leite, o afago, o mimo. O colo pra se encostar a cabeça. Não há ninguém na casa. Um som surdo de obra na pedreira adiante estupra o vazio dos quatro ambientes ligados à varanda. A lenha está murcha e desalentada no fogão. Você gostaria de aquecer seus sonhos com um mingau de aveia, mas a despensa morre de frio e abandono nas prateleiras.