O filme mais assistido do momento em mais de 20 países, na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

O filme mais assistido do momento em mais de 20 países, na Netflix

Nos subúrbios americanos, os crimes mais atrozes frequentemente ocorrem atrás das fachadas aparentemente tranquilas. O noticiário local está repleto de reportagens sobre assassinatos chocantes: filhos mortos por mães descontroladas, maridos que matam esposas e as enterram no quintal, mulheres que retaliam maridos abusivos com violência extrema. Essa realidade macabra é um prato cheio para a cultura pop.

Alfred Hitchcock, mestre em explorar tais temáticas, é uma referência clara para “Paranoia”. No entanto, o filme dirigido por D.J. Caruso vai além de ser uma mera imitação de “Janela Indiscreta”. O roteiro de Carl Ellsworth e Christopher Landon utiliza a tecnologia moderna para criar uma narrativa própria, destacando como ela pode tanto nos conectar quanto nos isolar, alimentando nossa imaginação e fabricando realidades alternativas.

A trama gira em torno de Kale Brecht, um jovem marcado por uma tragédia. Após a morte de seu pai em um acidente de pesca, Kale é dominado pelo trauma. Um ano depois, durante uma aula, ao ser provocado pelo professor Gutierrez, Kale reage violentamente, o que resulta em sua condenação a prisão domiciliar com uma tornozeleira eletrônica.

Shia LaBeouf, em uma atuação notável, dá vida a Kale, capturando a atenção do público ao fazer com que simpatizem e se irritem com ele simultaneamente. Preso em casa, Kale tenta passar o tempo ajudando sua mãe, Julie, interpretada por Carrie-Anne Moss, e observando a vizinhança. É através de binóculos e programas sensacionalistas que ele começa a suspeitar que seu vizinho é um assassino em série, o que dá início a uma obsessão perigosa.

A presença de Ashley, a atraente vizinha vivida por Sarah Roemer, adiciona um elemento de tensão romântica à trama. A relação entre Kale e Ashley é complexa, enquanto ele luta com suas suspeitas e tenta proteger aqueles ao seu redor. LaBeouf, com habilidade, equilibra a sanidade instável de Kale com momentos de genuíno heroísmo e vulnerabilidade.

O ponto fraco do filme, paradoxalmente, é a insistência de Caruso em homenagear Hitchcock de forma demasiadamente evidente. Apesar do esforço de LaBeouf e das nuances do roteiro para criar algo distintivo, “Paranoia” às vezes tropeça ao tentar replicar o estilo do mestre do suspense.

“Paranoia” é uma produção da Netflix que, embora não alcance a genialidade de Hitchcock, oferece uma narrativa envolvente e moderna sobre vigilância, paranoia e os limites da sanidade. As atuações fortes e a abordagem contemporânea garantem um entretenimento tenso e cativante, ainda que familiar.


Filme: Paranoia
Direção: D.J. Caruso
Ano: 2007
Gêneros: Thriller/Drama/Suspense
Nota: 8/10