Terror argentino é a coisa mais assustadora que você vai assistir essa semana na Netflix Divulgação / Shudder

Terror argentino é a coisa mais assustadora que você vai assistir essa semana na Netflix

Inspirado pelos problemas de saúde causados por pesticidas agrícolas aos trabalhadores rurais, o cineasta Demián Rugna decidiu expandir essa premissa de forma intensa e perturbadora. Em “O Mal que Nos Habita”, filme de terror argentino que estreou em 2023 com aclamação no Festival de Toronto, Rugna nos conduz a um verdadeiro espetáculo de horror, envolvendo criaturas mutantes, cães possuídos e crianças assassinas, explorando os recantos mais sombrios dos nossos medos mais profundos.

A narrativa se inicia com Uriel, filho do proprietário da fazenda vizinha, interpretado por vários atores ao longo do filme, que está há cerca de um ano sofrendo de uma infecção grotesca e viscosa, deformando-o completamente. Os irmãos Pedro (Ezequiel Rodríguez) e Jimi (Demián Salomón) decidem buscar ajuda para Uriel, visto que sua família, acreditando que ele está possuído por um demônio, opta por deixá-lo à própria sorte. Paralelamente, o comportamento do gado começa a se tornar estranho e inquietante.

Diante dessa situação, Pedro e Jimi resolvem tirar Uriel da fazenda, levando-o na traseira de uma caminhonete para se livrar do corpo em decomposição. Porém, após um longo percurso, descobrem que Uriel desapareceu, deixando apenas um rastro de gosma verde. Na mesma noite, recebem a notícia do assassinato de um vizinho e começam a perceber que um mal espiritual está se espalhando pela comunidade. Decidido a proteger sua família, Pedro vai à casa da ex-mulher buscar os filhos, com a intenção de fugir daquele lugar amaldiçoado, mas talvez já seja tarde demais.

A partir desse ponto, o filme mergulha em uma sequência de eventos violentos e macabros, oferecendo ao espectador um verdadeiro festival de horrores. É importante avisar que “O Mal que Nos Habita” não é indicado para os que têm estômago fraco. O demônio se espalha rapidamente, sem discriminar suas vítimas, incluindo crianças autistas, animais, idosos e mulheres grávidas, intensificando a atmosfera de medo e desespero. Rugna demonstra uma habilidade notável em criar um clima crescente de agonia e suspense, complementado por uma maquiagem impressionante que retrata pessoas ensanguentadas, mutiladas e destroçadas.

O filme serve como uma alegoria das doenças que se espalham de maneira insidiosa e traiçoeira, causando consequências devastadoras para a população, semelhante às infecções virais, como a Covid-19. Além disso, “O Mal que Nos Habita”, na Netflix, é profundamente influenciado pela cultura católica, rica em histórias de terror, lendas místicas e passagens bíblicas aterrorizantes.

Rugna utiliza esses elementos para construir uma narrativa que não apenas assusta, mas também faz refletir sobre a vulnerabilidade humana diante de forças invisíveis e incontroláveis. A tensão é magistralmente administrada, e a caracterização das criaturas e vítimas, com um trabalho de maquiagem detalhado e realista, contribui significativamente para a imersão do público na atmosfera opressiva e claustrofóbica do filme.


Filme: O Mal que nos Habita
Direção: Demián Rugna
Ano: 2023
Gêneros: Terror/Suspense
Nota: 8/10