O melhor filme de ação de 2023 acaba de estrear na Netflix e vai te fazer ficar em casa no fim de semana David James / Paramount Pictures

O melhor filme de ação de 2023 acaba de estrear na Netflix e vai te fazer ficar em casa no fim de semana

“Mission: Impossible — Dead Reckoning Part One” é um exemplo notável de caos cinematográfico controlado. No sétimo filme da série, Christopher McQuarrie mescla cenas de perseguição cativantes com um humor natural dos personagens e a constante sugestão de um romance que nunca se concretiza. Os protagonistas compartilham uma atração mútua e camaradagem, mas estão cientes de que esses elementos não são suficientes para sustentarem uma união, já que representam lados opostos de uma mesma moeda.

A impressão que fica é que a série, concebida por Bruce Geller (1930-1978) e transmitida pela CBS entre 1966 e 1973, não se contentará com um encerramento apenas porque seu anti-herói sucumbirá à passagem do tempo. Especula-se que Glen Powell, notável em “Top Gun: Maverick” (2022), poderia assumir o papel principal caso seja convidado, uma escolha que parece ideal. Essa possibilidade não é meramente uma coincidência.

No filme de Joseph Kosinski, Powell e Tom Cruise disputam a preferência do público, com uma vantagem notável para o mais jovem. No entanto, quando o trono ocupado por Cruise por cerca de três décadas estiver vago, será um desafio para os fãs se acostumarem com sua ausência, desde o primeiro “Missão Impossível” (1996), dirigido por Brian De Palma. E isso é compreensível.

O roteiro de McQuarrie e do corroteirista Erik Jendresen coloca Hunt em uma jornada repleta de dilemas existenciais próprios de um homem de sessenta anos, com closes que deixam claro: ele envelheceu. A abordagem ácida dos roteiristas é apropriada, especialmente ao recordar os anos iniciais do agente mais audacioso da IMF, a Força Missão Impossível, sob a direção de De Palma. Esse contexto alimenta reflexões sobre o desencanto natural do espião com sua profissão, um trabalho interminável que se torna cada vez mais árduo.

Personagens como Eugene Kittridge, o diretor da CIA interpretado por Henry Czerny, evidenciam que o domínio de Hunt não pertence mais a este mundo. O cinismo entre eles em uma das cenas mais impactantes deste sétimo filme ajuda a esclarecer muitos pontos no segundo ato. É nesse encontro que o protagonista descobre o novo objetivo do Departamento de Segurança dos Estados Unidos: obter um dispositivo de inteligência artificial capaz de iniciar uma suposta bomba de fissão nuclear, acionado por uma chave dividida em duas partes, uma delas prestes a ser negociada no mercado clandestino.

Isso é suficiente para que Hunt alerte sua equipe. Benji Dunn, interpretado por Simon Pegg, e Luther Stickell, o durão interpretado por Ving Rhames, proporcionam o conforto de que o público não se perderá na trama, apesar da presença de personagens como Grace, a ladra charmosa vivida por Hayley Atwell, que entra na história de maneira inesperada, ou Alanna Mitsopolis, de Vanessa Kirby, com quem Hunt mantém uma relação ambígua — mais do que com Ilsa Faust, o interesse romântico interpretado por Rebecca Ferguson, que ele reencontra na fronteira da Arábia Saudita com o Iêmen.

As quase três horas de “Mission: Impossible — Dead Reckoning Part One” levam Ethan Hunt a explorar os céus dos quatro cantos do mundo, proporcionando ao público uma experiência visual prazerosa. Dentro de onze meses, em 23 de maio de 2025, “Mission: Impossible — Dead Reckoning Part Two” promete mais um capítulo (o último com Tom Cruise?) repleto de adrenalina, paixão e um apocalipse aguardado com ansiedade.


Filme: Mission: Impossible — DeadReckoning Part One
Direção: Christopher McQuarrie
Ano: 2023
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 9/10