Escondido na Netflix, filme de George Clooney foi indicado ao Oscar, mas pouquíssimas pessoas assistiram Philippe Antonello / Netflix

Escondido na Netflix, filme de George Clooney foi indicado ao Oscar, mas pouquíssimas pessoas assistiram

No filme “O Céu da Meia-noite”, dirigido por George Clooney em 2020, um homem enfrenta seus dias finais em um mundo à beira da extinção. Este drama de ficção científica, embora possa parecer imponente inicialmente, explora temas simples e essenciais para a existência humana. A narrativa é inspirada no romance homônimo de Lily Brooks-Dalton, que por sua vez ecoa influências de marcos do gênero como “2001: Uma Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick e outras obras significativas como “Gravidade” de Alfonso Cuarón e “Interestelar” de Christopher Nolan. A trama também resgata elementos de “O Regresso” de Alejandro González Iñárritu, mantendo o espírito de aventura e revelação pessoal. 

Augustine Lofthouse, interpretado por Clooney, personifica o cientista excêntrico e isolado, uma figura que contrasta fortemente com a normalidade. Sua permanência solitária na Estação Meteorológica de Lake Hazan, no Ártico, é marcada por um contexto global marcado por calamidades, insinuando-se uma pandemia ou até mesmo uma guerra mundial. A estória avança sugerindo que Lofthouse está doente, possivelmente com câncer, enquanto enfrenta o isolamento extremo. 

O filme desdobra-se em dois eixos principais: a luta de Lofthouse para comunicar com a tripulação do ônibus espacial Aether sobre a inabitabilidade da Terra, e a jornada inesperada ao lado de Iris, interpretada por Caoilinn Springall, uma menina autista que foi deixada para trás na evacuação. A dinâmica entre os personagens, especialmente a interação entre Lofthouse e Iris, aprofunda o drama enquanto eles navegam pelo deserto gelado do Ártico. 

A espaçonave Aether, comandada por Tom (David Oyelowo) e sua esposa Sully (Felicity Jones), grávida de sua filha, carrega também outros membros cujas histórias se entrelaçam com a de Lofthouse. O filme explora as falhas de comunicação e os desafios enfrentados pela tripulação, abrindo caminho para reflexões sobre a reconstrução da humanidade, posicionando Tom e Sully como figuras centrais nesse novo começo. 

Embora as cenas espaciais, sob a direção de fotografia de Martin Ruhe, sejam visualmente impressionantes, carecem de um envolvimento emocional mais profundo, o que é compensado pelas sequências filmadas no Ártico que trazem um calor humano real, acentuado pelas atuações e pela menor dependência de efeitos especiais. O desenrolar do enredo toma liberdades narrativas, incluindo uma cena dramática de Lofthouse quebrando o gelo e submergindo em águas geladas, desafiando a lógica, mas mantido atraente pela performance de Clooney. 

À medida que a história conclui, ela reflete sobre a condição humana através de um roteiro criativo e performances sincronizadas, com destaque para a interação entre Clooney e Springall, bem como uma trilha sonora impactante de Alexandre Desplat. O filme deixa uma impressão duradoura nos espectadores, sublinhando a habilidade de Clooney tanto na atuação quanto na direção, e reforça o papel vital do cinema em evocar e manter emoções profundas. 


Filme: O Céu da Meia-noite 
Direção: George Clooney 
Ano: 2020 
Gêneros: Ficção científica/Drama/Suspense 
Nota: 8/10