O filme alucinante com Helen Mirren, na Netflix, que vale cada milésimo de segundo do seu tempo Shanna Besson / Paris Filmes

O filme alucinante com Helen Mirren, na Netflix, que vale cada milésimo de segundo do seu tempo

Em “Anna — O Perigo Tem Nome”, a protagonista retrata um exemplar de beleza estonteante, cujo semblante angelical esconde uma letalidade fria e calculista. As narrativas que exploram essas figuras femininas apelam tanto para os atributos físicos visando uma conexão emocional imediata com o espectador, quanto podem cair na armadilha de enredos excessivamente elaborados que falham em seu propósito. 

Neste filme, Luc Besson equilibra habilmente esses aspectos, mesclando habilmente características de personagens anteriores para criar Anna Poliatova. A personagem funde qualidades de Lucy, uma vítima que se transforma em vingadora, e de Mathilda, uma criança que evolui sob a tutela de um assassino em série. Esta fusão resulta em Anna, uma figura complexa que transcende suas origens. 

Em um mercado em Moscou, Anna comercializa matrioscas, simbolizando a complexidade e a multiplicidade de camadas que a definem. Descoberta por um olheiro de uma prestigiada agência de modelos francesa, Anna hesita inicialmente devido aos seus estudos universitários em biologia, mas eventualmente cede ao fascínio do mundo da moda. 

Besson conduz o público através da ascensão de Anna no universo glamouroso, porém implacável, da moda de alta costura, passando por seu caótico cotidiano em um apartamento compartilhado em Paris até um desastroso primeiro trabalho. A história, então, se desdobra revelando a verdadeira natureza de Anna: de modelo a assassina contratada, cujo primeiro alvo é um compatriota influente envolvido com o tráfico de armas e laços com a CIA. 

Um flashback extenso revela o passado tumultuado de Anna com um ex-namorado violento e suas conexões com atividades criminosas, quase levando-a à prisão. É salva por Alex, um agente da KGB que percebe suas habilidades excepcionais, como a maestria no xadrez e uma memória notável, capaz de recitar Dostoiévski. Seu relacionamento com Alex é intenso, predominantemente de sua parte, e é crucial para que seja recrutada por Olga, a severa diretora do Comitê de Segurança do Estado de Moscou. 

A narrativa ganha uma nova camada com a entrada de Helen Mirren, interpretando Olga, cuja presença confere ao filme uma atmosfera de suspense crescente. A trama culmina com Olga honrando uma promessa antiga que protege Anna, demonstrando uma velada admiração e respeito pela jovem que ela considera quase uma filha. Em um mundo onde as lealdades são tão fluidas quanto são ferozes, Anna prova ser uma adversária formidável, desafiando expectativas e revelando-se uma sobrevivente astuta em um jogo de poder mortal. 


Filme: Anna — O Perigo Tem Nome 
Direção: Luc Besson 
Ano: 2019 
Gêneros: Ação/Thriller 
Nota: 9/10