Thriller europeu brutal que acaba de chegar à Netflix vai te fazer querer ficar em casa no fim de semana Divulgação / Netflix

Thriller europeu brutal que acaba de chegar à Netflix vai te fazer querer ficar em casa no fim de semana

Nós ouvimos bastante sobre os povos indígenas das Américas, mas sabemos pouco sobre os nativos europeus, que frequentemente também são alvos de hostilidade, saques e extermínio. Atualmente, os sami são cerca de 70 mil pessoas que habitam áreas montanhosas, florestais, costeiras e geladas em países como Suécia, Finlândia, Noruega e Rússia.

Em “Herança Roubada”, dirigido pela cineasta estreante Elle Márjá Eira e adaptado para as telas por Peter Birro, o filme inspirado na história real publicada em 2016 pela autora Ann-Helen Laestadius narra o drama de uma jovem de uma comunidade indígena na Suécia perseguida por uma população cheia de ódio e ressentimento. Como a história de todos os povos originários, os sami também têm seu território, tradições e modo de viver roubados. O filme explora temas de identidade, pertencimento e discriminação.

No enredo, Elsa (Elin Oskal) é uma jovem sami cujo sustento de sua família depende da criação e pastoreio de renas. Seu povo tem costumes ancestrais muito definidos de respeito e cuidado com a natureza e conexão com o ecossistema. Eles trabalham de forma muito unida para manter sua comunidade em equilíbrio com o meio ambiente.

Mas logo os problemas raciais se tornam evidentes e Elle Márjá Eira deixa claro que, como os povos nativos da América, os sami também veem suas vidas transformadas pelo capitalismo e globalismo. Os ciclos de opressão se repetem aqui também e os brancos da comunidade fazem questão de separá-los entre ‘nós e eles’, criando estereótipos e os excluindo. As coisas ficam muito tensas e complicadas quando Sami e sua família se veem vítimas de um perseguidor, um homem chamado Robert (Martin Wallström), que assassina a rena branca de Elsa, chamada Nastegallu, de forma fria e cruel. No entanto, as mortes entre as renas do povo de Elsa se tornam sistemáticas, ocorrendo um verdadeiro massacre de animais, ameaçando a sobrevivência da comunidade indígena e o meio ambiente.

Enquanto isso, jovens sami desesperançosos também desistem de suas vidas. Mas Elsa luta em busca de justiça e vingança, já que a polícia não se esforça realmente para solucionar a questão. Sozinha, ela precisa arriscar sua vida para pôr um fim à violência nessa comunidade xenófoba e impune.

Embora seja um filme com uma história extremamente forte e relevante, que coloca o mundo a par de uma situação pouco conhecida fora do território em que acontece, “Herança Roubada”, na Netflix, é limitado por um orçamento pequeno, por um roteiro que não soube valorizar sua profundidade e por atuações amadoras, que nos impedem de alcançar camadas mais densas dos personagens.

Embora Elsa não seja especificamente inspirada em uma pessoa real, a história dos sami é baseada em uma crise generalizada que acontece neste momento no extremo norte da Suécia. Em partes, a história nos lembra do emocionante e brutal “Terra Selvagem”, de Taylor Sheridan, e traz reflexões muito importantes sobre preconceito e identidade, e sobre como estamos destruindo o planeta em que vivemos e exterminando as únicas pessoas que se importam e vivem para proteger a natureza.


Filme: Herança Roubada
Direção: Elle Márjá Eira
Ano: 2024
Gênero: Drama/Suspense
Nota: 8/10