Inspirado em livro traduzido para mais de 40 idiomas e com 15 milhões de cópias vendidas, filme na Netflix é o mais triste da história Divulgação / Miramax

Inspirado em livro traduzido para mais de 40 idiomas e com 15 milhões de cópias vendidas, filme na Netflix é o mais triste da história

Quando uma criança perde sua inocência, é como se uma sombra caísse sobre a humanidade, deixando-a um pouco mais sombria. Desde tenra idade, o mundo se desdobra diante de nós, revelando-se como um lugar notavelmente hostil, onde cada palavra é medida com cuidado e cada gesto é estudado minuciosamente. Essa realidade parece pesar demais sobre os ombros frágeis, onde repousa uma mente infantil cheia de sonhos.

Nos primeiros passos dessa jornada, que muitas vezes se estende além do que podemos imaginar, percebemos que estamos vulneráveis aos predadores disfarçados de amigos, prontos para atacar ao menor descuido, dilacerando não só nossos corpos, mas também nossa dignidade. É como se nos sentíssemos menos como seres humanos e mais como cobaias expostas à vaidade e arrogância alheias.

No entanto, a verdadeira maravilha da condição humana reside na capacidade de refletir sobre uma infinidade de temas, mesmo que nossas visões nem sempre se harmonizem, elas se complementam, abrindo caminho para compreendermos a complexidade da vida, com toda sua riqueza e miséria.

Em momentos de extremo desafio, vemos meninos se transformarem em homens, mas mesmo assim, uma centelha de inocência persiste, suavizando a dureza da realidade. A ingenuidade das crianças, sua honestidade diante de situações que os adultos mal conseguem enfrentar, sua capacidade de se adaptar a circunstâncias adversas — todas essas características, presentes em todos nós em algum momento da vida, são inestimáveis quando a realidade se torna um teste implacável, nos forçando a enfrentar um novo mundo sombrio.

O filme “O Menino do Pijama Listrado”, na Netflix, dirigido por Mark Herman, captura magistralmente esse confronto entre a inocência perdida e a crueldade do mundo real. A história destaca a guerra através dos olhos de uma criança, exibindo suas ilusões confrontadas com a brutalidade da realidade internacional, em uma narrativa realista que ainda mantém viva a chama do sonho nas palavras e ações dos mais jovens e perspicazes.

A pureza é o cerne da narrativa de John Boyne, como se esse sentimento fosse um tesouro raro reservado para os mais jovens. Herman incorpora essa ideia de forma brilhante, retratando o conflito entre aqueles que enxergam o mundo através de sua sensibilidade e aqueles que são forçados a aceitar o que seus olhos lhes mostram.

O protagonista, Bruno, interpretado por Asa Butterfield, é apresentado como uma criança em uma bolha, mesmo quando confrontado com a dura realidade que o cerca. A interpretação sensível de Butterfield captura nuances sutis, como seu olhar perdido, revelando a compreensão intuitiva de uma criança diante de algo perturbador, ainda que não consiga compreendê-lo completamente.

Seu pai, um oficial nazista interpretado por David Thewlis, conduz a família para uma nova vida no interior da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, desencadeando uma série de eventos que levam Bruno a uma dolorosa percepção da tragédia vivida pelos judeus, especialmente através de sua amizade com Shmuel, o verdadeiro “menino do pijama listrado”, papel interpretado com intensidade por Jack Scanlon.


Filme: O Menino do Pijama Listrado
Direção: Mark Herman
Ano: 2008
Gênero: Drama
Nota: 8/10