Romance proibido na Netflix vai partir seu coração em milhares de pedacinhos Jace Downs / Netflix

Romance proibido na Netflix vai partir seu coração em milhares de pedacinhos

Tyler Perry é um dos maiores fenômenos cinematográficos deste século, tendo se tornado um magnata do cinema produzindo filmes sobre as dificuldades das famílias negras e o papel cuidador da mulher, ainda mais sobrecarregadas que as brancas, já que entre os lares negros, os números de abandono paterno e violência doméstica e contra a mulher são ainda maiores que em lares predominantemente brancos. Estudo do American Consensus Institute mostra que 67% das crianças e adolescentes negros abaixo de 18 anos, nos Estados Unidos, vivem em lares sem os pais. Enquanto isso, apenas 24% das crianças e adolescente abaixo de 18 anos brancas vivem em lares sem pais.

Apesar de abordar a temática, o trabalho de Perry não é exatamente profundo ou intelectual, sendo a maioria de seus filmes comédias ou melodramas menos substanciais que produções políticas de outros diretores, como Barry Jenkins, Jordan Peele ou Spike Lee. Mas um trabalho interessante e mais sério de Perry é “O Homem do Jazz”, produção da Netflix de 2022.

Ambientado na Geórgia de 1940, o filme inicia como um romance entre Bayou (Joshua Boone), um jovem ingênuo e analfabeto que foi abandonado pelo pai, e Leanne (Solea Pfeiffer), uma adolescente com uma família abusiva que a afasta de Bayou depois que descobre o romance entre eles. Anos mais tarde, Bayou retorna do serviço militar e Leanne está noiva de um homem branco de família abastada. O reencontro entre eles reacende a velha chama da paixão. Quando descobre que Leanne e Bayou se reaproximaram, a mãe da garota cria uma armadilha para que o noivo branco da filha e sua comunidade racista persigam Bayou, forçando-o a fugir para outra cidade com seu irmão, Willie Earl (Austin Scott).

Willie é um talentoso trompetista descoberto pelo empresário Ira (Ryan Eggold). No entanto, a jornada pelo mundo da música com o irmão faz com que o próprio Bayou seja descoberto como cantor. A vocação não é descoberta do nada, já que desde o começo do filme, vemos que o protagonista nasce em um lar musical. Seus pais e irmão são músicos.

Enquanto Bayou evolui profissionalmente, se tornando um músico de sucesso, Leanne se sente como uma impostora, vivendo em uma comunidade branca e reprimindo seus sentimentos por Bayou. Por outro lado, ele precisa ajudar e controlar o irmão, Willie Earl, um músico irresponsável, que atrasa aos compromissos, pede adiantamentos e deve o clube onde toca, principalmente por conta do seu vício em drogas.

“O Homem do Jazz” é talvez o melhor filme de Tyler Perry e aborda um amor proibido sem atuações exageradas ou diálogos cafonas. Desta vez, ele acerta no ponto. Escolhe bons atores que conseguem exprimir a essência de seus personagens sem exceder nas performances.


Filme: O Homem do Jazz
Direção: Tyler Perry
Ano: 2022
Gênero: Romance/Drama
Nota: 9/10