Duas vezes indicado ao Oscar, o tocante filme na Netflix sobre autodescoberta e a jornada solitária da alma Divulgação / Fox Searchlight Pictures

Duas vezes indicado ao Oscar, o tocante filme na Netflix sobre autodescoberta e a jornada solitária da alma

Dirigido por Jean-Marc Vallée e estrelado por Reese Witherspoon, o filme é uma adaptação da autobiografia de Cheryl Strayed, que narra sua odisseia pessoal ao percorrer a Pacific Crest Trail. Com uma narrativa que oscila entre o presente desafiador na trilha e flashbacks emocionantes, “Wild” é uma exposição crua da luta de uma mulher para reconectar-se consigo mesma após uma série de eventos devastadores em sua vida.

A performance de Witherspoon é um ponto de virada em sua carreira, marcando sua transição para papéis mais complexos e matizados. Longe de seus personagens anteriores, que muitas vezes emanavam uma certa leveza, sua interpretação de Cheryl Strayed é intensa, vulnerável e autenticamente humana. Acompanhada por Laura Dern, que entrega uma atuação memorável como a mãe de Cheryl, o filme aprofunda a dinâmica mãe-filha e a influência duradoura dos laços familiares.

Jean-Marc Vallée adota uma abordagem imersiva na direção, desafiando Witherspoon a uma atuação sem artifícios e em sintonia com o ambiente inóspito da trilha. Essa metodologia não só autêntica a experiência de Strayed, mas também amplifica a autenticidade emocional transmitida ao público. A decisão de Vallée de filmar em locações reais ao longo da Pacific Crest Trail adiciona uma camada de autenticidade visual ao filme, com paisagens deslumbrantes que servem como pano de fundo para a transformação pessoal de Cheryl.

Nick Hornby, conhecido por seu trabalho em “Alta Fidelidade”, traz sua habilidade única de contar histórias para o roteiro de “Wild”, entrelaçando as memórias de Strayed com sua jornada física de uma maneira que ressoa tanto com a dor quanto com a esperança. A adaptação de Hornby não se esquiva dos aspectos mais sombrios da história de Strayed, incluindo sua luta contra o vício e o comportamento autodestrutivo, mas também celebra sua força e resiliência.

A própria Strayed teve um papel ativo na produção do filme, garantindo que a essência de sua história fosse preservada na tela. Sua colaboração foi crucial para retratar a autenticidade de sua experiência, desde os desafios físicos da caminhada até as complexidades emocionais de sua jornada interior. A escolha de Witherspoon para o papel, endossada por Strayed, provou ser acertada, com a atriz capturando a essência de uma mulher determinada a redefinir sua vida.

“Wild” não é apenas uma história de aventura, mas um testemunho poderoso da capacidade humana de superar adversidades e encontrar redenção no desconhecido. A jornada de Cheryl Strayed, magnificamente capturada por Vallée e trazida à vida por Witherspoon e Dern, é um lembrete comovente de que, às vezes, é necessário se perder para se encontrar novamente. O filme, com sua rica gama de personagens, emoções e paisagens naturais, é uma celebração da resiliência do espírito humano.

Com indicações ao Oscar para Witherspoon e Dern, “Wild” solidificou seu lugar no cinema como um filme que não apenas entretém, mas também inspira. Ao explorar temas de perda, redenção e a busca incessante pelo autoconhecimento, o filme convida o público a refletir sobre suas próprias jornadas e as paisagens, tanto internas quanto externas, que moldam nossas vidas.


Filme: Wild
Direção: Jean-Marc Vallée
Ano: 2014
Gêneros: Aventura/Thriller/Biografia
Nota: 9/10