Aclamado pela crítica, filme que deu o Oscar para Olivia Coleman acaba de chegar à Netflix Divulgação / Fox Searchlight Picture

Aclamado pela crítica, filme que deu o Oscar para Olivia Coleman acaba de chegar à Netflix

Filme de Yorgos Lanthimos que rendeu para Olivia Coleman o Oscar de melhor atriz em 2019, “A Favorita” é um épico biográfico que narra a história da rainha Ana (Coleman), que governou a Inglaterra de 1702 a 1714. O enredo se concentra no triângulo amoroso vivido por Ana, Sarah (Rachel Weisz) e Abigail (Emma Stone).

Tendo como pano de fundo a guerra entre Inglaterra e França, a atenção da física e emocionalmente frágil rainha Ana é disputada por Sarah, uma aristocrata com quem a rainha tem um caso e que assume a frente dos assuntos políticos e estratégias diplomáticas. É Sarah quem dá uma chance a Abigail, uma jovem que veio de família nobre, mas acabou socialmente e financeiramente arruinada. Acolhida por Sarah, Abigail se torna serva de Ana, enquanto manipula gradualmente as emoções da rainha e se relaciona com ela sexualmente para ascender novamente à aristocracia. Conforme a relação entre rainha e serva se desenvolve, também provoca uma competição acirrada entre Sarah e Abigail pela atenção de Ana. Mas Abigail está disposta a absolutamente qualquer coisa para subir novamente a pirâmide social.

Elogiado pela crítica, “A Favorita” tem uma perspectiva completamente nova da história. O olhar excêntrico de Lanthimos propicia atuações espontâneas e inovadoras sobre personagens ambivalentes, movidos por egoísmo, ambição, desejo e inveja. A rainha Ana, embora esteja no ponto mais alto da pirâmide social, é a mais frágil e manipulável de todos, mas sabe bem o que quer. Em meio à depressão, provocada pelas trágicas perdas de sua vida, o marido, os filhos e a própria saúde, se importa, primordialmente, com sua própria satisfação sexual, mesmo que isso frustre os planos de Sarah, uma das pessoas mais próximas em seu círculo de confiança.

O uso frequente de lentes em grande angular serve para dar ao espectador um panorama completo da cena, ajudando-o na imersão da história, ao mesmo tempo em que distorce a imagem. Há alguns motivos nos quais o diretor de fotografia, Robbie Ryan, optou pelo uso dessas lentes. Um deles é para ampliar a sensação de grandiosidade, ostentação e luxo dos ambientes da realeza. Podemos ver cada riqueza de detalhes dos gessos nas paredes e teto, os móveis majestosos e as tintas douradas e papeis de parede. Além disso, a distorção provoca uma sensação de surrealismo e excentricidade, que é um traço desse filme.

A atuação de Emma Stone é de uma gigantesca dualidade. Ao mesmo tempo em que sua posição social a coloca em um lugar de fragilidade e exclusão, ela é travessa e esperta o bastante para contornar os desvios inesperados do caminho e transformar as situações em seu favor.

A forma como as câmeras explora os labirintos do palácio também é bem marcante. Com as lentes abertas, os corredores se tornam longos e deformados, as portas grandes e os quartos majestosos demais. De parede em parede, o cenário parece contribuir para um jogo traiçoeiro de influências. “A Favorita” é esteticamente extraordinário, tem um enredo intrigante e divertido, além de atuações que dão muito prazer em assistir.


Filme: A Favorita
Direção: Yorgos Lanthimos
Ano: 2018
Gênero: História/Drama/Comédia
Nota: 9/10