Aclamado pela crítica, drama com Michael B. Jordan e Jamie Foxx, no Prime Video, vai te fazer chorar até lavar a alma Divulgação / Warner Bros.

Aclamado pela crítica, drama com Michael B. Jordan e Jamie Foxx, no Prime Video, vai te fazer chorar até lavar a alma

Em 2020, manifestações do movimento “Black Lives Matter” explodiram em todo o mundo depois do assassinato de George Floyd, estrangulado por um policial durante uma abordagem. Os debates sobre racismo institucional e estrutural e a violência policial, que é na grande maioria das vezes contra pessoas negras, tomaram conta das redes sociais e dos noticiários, mas, no cinema, as cartas já tinham sido lançadas na mesa com produções, como “Luta Por Justiça”, “Detroit em Rebelião”, “Marshall: Igualdade e Justiça”, “Corra!”, “Destacamento Blood”, dentre outros. A arte é essencial para nos fazer refletir sobre problemas relativizados e normalizados. Nos sacodir e fazer reconhecer que situações como o racismo é real, corriqueiro e faz parte da cultura brasileira, embora há quem se faça de sonso.

A arte tem uma maneira muito genuína, muito pura e direta de tocar nas feridas da humanidade. O cinema já tem falado sobre racismo há muito tempo. E é importante a gente não achar que o racismo só existe lá fora, além do nosso alcance, da nossa realidade. Uma matéria de novembro de 2023, publicada no Correio Braziliense, vem com a seguinte chamada: “Negros são 87% dos mortos pela polícia de oito estados”.  Pode acreditar, nos outros, eles também são maioria.

E essas vítimas têm nome. Eloah, de 5 anos, e Wendell Eduardo, de 17, foram mortos durante operação da polícia na Zona Norte do Rio, em agosto de 2023. Um mês antes, o menino Dijalma de Azevedo, de 10 anos, foi morto quando saía de casa para a escola, em Maricá, no Rio. o menino João Pedro, de 14 anos, o músico Evaldo Rosa dos Santos, que estava no carro com a família indo para um chá de bebê morreram anos antes. Um grupo de meninos foram alvejados em um carro em Costa Barros. Seus nomes eram Wesley, Wilton, Cleiton, Roberto e Carlos Eduardo. Todos negros. A lista é imensa por aqui. Nos Estados Unidos, o “efeito colateral” do combate à violência pela polícia também tem cor.

Por lá, o boxeador Rubin Hurricane Carter, foi preso injustamente pela morte de três pessoas e ficou 19 anos na cadeia até que sua inocência foi provada. A história virou filme, protagonizado por Denzel Washington. A série da Netflix “Olhos que Condenam” conta a história real de cinco jovens negros acusados do estupro coletivo de uma mulher no Central Park. “Infiltrado na Klan” narra a também real história de um policial negro do Colorado que conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan. A lista de filmes baseados em tragédias reais é longa. Ainda bem que existe o cinema para não deixar esses nomes passarem em branco.

Em “Luta por justiça”, Michael B. Jordan interpreta Bryan Stevenson, um jovem negro de periferia recém-formado em Direito em Harvard. Com consciência de que ninguém que está fora da comunidade negra se importa com ela, ele funda, em Montgomery, no Alabama, a Equal Justice Initiative (Iniciativa de Justiça Igualitária), uma instituição destinada a defender negros no corredor da morte.

O longa-metragem é inspirado no livro de memórias do real Bryan Stevenson, lançado em 2014. No enredo, o foco é a prisão contraditória de Walter “Johnny D.” Mcmillian (Jamie Foxx), acusado injustamente de assassinar de maneira brutal a adolescente Ronda Morrison, de 18 anos, em Monroeville. Pescador, pai de família que havia vivido no passado um caso extraconjugal com uma mulher branca, Johnny D. se torna alvo fácil devido a reputação maculada. Ignorando dezenas de testemunhas, que haviam visto ele no momento do crime, o xerife e o promotor se unem para incriminá-lo, depois de manipularem o testemunho de Ralph Meyers (Tim Blake Nelson), um condenado da Justiça, que aceitou mentir em troca de um acordo.

Depois de seis anos preso, Johnny D. reencontra a esperança no advogado Bryan Stevenson, disposto a reabrir e apurar os erros da investigação, ir atrás novamente de todas as testemunhas e lutar por um novo julgamento. O caso ganhou notoriedade nacional depois de ser exposto, à época, no programa 60 Minutos. E é nessa desesperadora batalha judicial que o filme se desenha, denunciando um sistema de Justiça corrupto, racista e deturpado e, ainda por cima, respaldado pela sociedade. Se não se pode confiar na própria Justiça, em quem confiar?

Bryan Stenvenson, com a sua organização, conseguiu salvar 140 negros condenados injustamente ao corredor da morte.


Filme: Luta Por Justiça
Direção: Destin Daniel Cretton
Ano: 2020
Gênero: Drama/Biografia
Nota: 10