Injustiçado no Oscar, melhor filme de Denis Villeneuve está no Prime Video e é um dos melhores que você vai ver na sua vida Sabrik Hakeem / Pictures Classics

Injustiçado no Oscar, melhor filme de Denis Villeneuve está no Prime Video e é um dos melhores que você vai ver na sua vida

Representante do Canadá no Oscar de Melhor Filme Internacional na premiação de 2011, “Incêndios” é um dos filmes mais impactantes e surpreendentes de Denis Villeneuve. Não é nenhuma hipérbole. O longa-metragem é daqueles que nos deixa em choque no sofá da sala. Sem piscar, sem palavras. Denis Villeneuve já é um nome consagrado. O cineasta tem uma linguagem muito específica e sui generis. Ele admite que gosta de usar imagens fortes, marcantes em seus filmes. Para ele, a história é contada, primeiro, por meio da imagem. A mensagem é secundária, mas é intrinsicamente conectada à imagem. Nas palavras de Villeneuve, o sentido que primeiramente é afetado por sua obra é a visão. Em seguida, seu objetivo é deixar o público desorientado tentando desvendar a mensagem.

Os filmes de Denis Villeneuve são muito imersivos. O realizador conta que gosta de histórias em que as pessoas se conectam, se identificam, seja por meio de emoções ou motivações sociopolíticas. Ainda é importante destacar que as produções dele são como labirintos ou quebra-cabeças, constantemente desafiando a mente do público. Mas ele tem um objetivo com isso. O intuito de Villeneuve é mostrar que nós não temos o controle de tudo. Nós não sabemos de onde viemos, para onde vamos e nem o que vai acontecer com as nossas vidas.

Denis Villeneuve parte de histórias nas quais seus protagonistas são heróis ou anti-herois que precisam investigar, descobrir coisas. Mas eles são movidos também por um sentimento muito humano de não saber se estão fazendo a coisa certa, se podem confiar nas suas próprias intuições e cuja caminhada faz com que seu protagonista mergulhe completamente em seus instintos primordiais, na sua investigação e sua jornada. Aliás, tanto é que, às vezes, o protagonista se perde de si mesmo, de sua  consciência.

“Incêndios” foi a porta de entrada de Denis Villeneuve para Hollywood. Foi a partir dele que cineasta se tornou tão famoso. Embora não tenha levado o Oscar ou outros prêmios grandes dos Estados Unidos, se tornou um dos trabalhos mais importantes do diretor. Segundo o próprio Villeneuve, a premissa desse filme é que a personagem precisa escavar o passado para que possa se sentir livre no presente. Estamos falando daquele tipo de história em que o protagonista tem um parente que não sabia que existia, e precisa sair de sua bolha para descobrir onde essa pessoa está, se essa pessoa está viva ou morta, promover esse reencontro e se livrar desse fardo, desse mistério.

No enredo, dois irmãos, Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) e Simon Marwan (Maxim Gaudette), perdem a mãe. Eles moram no Canadá, mas a mãe é natural do Oriente Médio. A mãe morre e deixa uma carta para que eles encontrem seu pai, que pensavam estar morto. Então, os dois irmãos viajam para o Oriente Médio e para investigar. Eles descobrem que têm um irmão mais velho e, no decorrer dessa jornada reveladora, que traz muitas descobertas difíceis, eles desvendam o passado trágico de sua mãe e descobrem verdades intragáveis. O público acompanha esse mistério e se surpreendente e se comove com cada uma de suas tristes descobertas. Mas Denis Villeneuve tem algo ainda maior à nossa espera. O fim é gigante. Um soco depois do soco no estômago. Vemos estrelas, ficamos zonzos. Me arrisco a dizer que este é o desfecho cinematográfico mais surpreendente da história. Se não assistiu “Incêndios”, não deixe de conferir essa obra-prima, que merecia ter ganhado o Oscar e muito mais.


Filme: Incêndios
Direção: Denis Villeneuve
Ano: 2010
Gênero: Drama/Suspense
Nota: 10