A ‘Sinfonia de Schubert’ e a ‘Simpatia’, do Massive Attack: ‘inacabadas’ muito bem-acabadas! Foto / Christian Bertrand

A ‘Sinfonia de Schubert’ e a ‘Simpatia’, do Massive Attack: ‘inacabadas’ muito bem-acabadas!

Este é o caso de um diálogo musical que nasceu quase por acaso, por uma brincadeira, uma paródia feita com o nome de uma obra famosa. O compositor austríaco Franz Schubert compôs sua “Sinfonia em Si Menor, D. 759”, em 1822. Por alguma misteriosa razão, ele só terminou os dois primeiros movimentos dos quatro previstos para a obra. A “Sinfonia Inacabada”, que leva o nº 8, ficou desconhecida do público até que a partitura foi parar nas mãos do maestro Johann Herbeck. Ele estreou a obra em Viena no ano de 1865, trinta e sete anos após a morte de Schubert, ocorrida em 1828. Desde então, a inacabada sinfonia, com seus dois únicos movimentos tão intensos e belos, se tornou uma das mais queridas composições de Franz Schubert e peça constante no repertório das grandes orquestras.

Franz Schubert
Franz Schubert

O grupo britânico Massive Attack estava em estúdio na preparação de seu primeiro álbum, “Blue Lines”, gravado na virada de 1990 para 1991. A cantora Shara Nelson, amiga da banda, estava no estúdio também e, em certo momento, chamou a atenção dos membros do grupo ao cantarolar a melodia de uma canção inacabada, a qual ela havia começado a compor. O Massive Attack e o produtor, Johnny Dollar, incentivaram Shara a desenvolver a melodia e começaram a trabalhar juntos na composição da música. Numa dessas sessões de gravação, surgiu o nome “Unfinished Sympathy” (simpatia inacabada) numa brincadeira com o nome “Sinfonia Inacabada” (Unfinished Symphony em inglês) de Franz Schubert.

A letra de Shara Nelson fala de um amor, que não sabemos se ainda existe, está terminado ou ainda inacabado, incompleto. A canção rendeu também um ótimo videoclipe protagonizado por Shara, que caminha e canta pelas ruas de Los Angeles. E assim, a partir do nome, a canção ganhou corpo e profundidade com a inclusão de um arranjo para orquestra de cordas. A seção de cordas, apesar de não se basear na obra de Schubert, conseguiu aproximar ainda mais duas obras que tinham apenas o nome parecido.