Desligue o cérebro e se divirta com comédia romântica norueguesa na Netflix Divulgação / Netflix

Desligue o cérebro e se divirta com comédia romântica norueguesa na Netflix

Anunciado como baseado em uma história real, a comédia romântica norueguesa “O Natal de Costume” gira em torno de uma disputa de culturas entre Jashan (Kanan Gill) e a família de sua noiva, Thea (Ida Ursin-Holm), quando ela decide levá-lo para o Natal na casa de sua mãe em uma região rural na Noruega. Os dois vivem na Califórnia, nos Estados Unidos. A família de Thea não tem ideia de que ela está saindo com um rapaz indiano. Quando ele a pede em casamento, Thea se sente mais pressionada que feliz. Parece mais um momento de tensão e terror quando o close em seu rosto captura seus olhos arregalados e um sorriso gigante forçado. Por que ela aceita? Não sabemos. Ao invés de dizer que não está preparada, ela faz rodeios e o convida para conhecer sua mãe, Anne-Lise (Marit Andreassen) nas celebrações tradicionais de Natal.

Algumas pessoas levam as tradições bastante a sério. É o caso da família de Thea, que há décadas faz exatamente tudo igual e pretende manter os mesmos costumes, comidas, vestimentas e agenda em memória do pai, morto há um ano. Quando Jashan aparece na porta da casa de Ana-Elise, seu descontentamento é muito óbvio. Uma mistura de xenofobia com decepção. Ela está claramente insatisfeita em receber um genro indiano. Não é à toa que ela passa boa parte do filme chamando-o de Shazam e outros nomes bobos que não são o seu. Da janela, Jashan e Thea avistam o irmão Simen (Erik Follestad), sua esposa grávida Hildegunn (Hildegunn) e a filha do casal, Ronja (Matilde Hovdegard). Jashan pergunta à noiva o que deve dizer para ganhá-lo na simpatia. Thea diz que nada, pois o irmão é um “cara legal”. Mas quando o casal sai de dentro da casa para recebê-los, ele lança sobre Jashan o mesmo olhar de condenação e desdém. Os personagens desta história não são tão agradáveis assim.

Ana-Elise está neurótica, porque supostamente essa é sua personalidade durante o Natal, já que quer que tudo saia perfeito. A chegada do genro provoca um desequilíbrio na força. Tudo piora quando Jashan é insistente o suficiente para tentar forçar a cultura indiana goela abaixo da família da noiva. Detalhe, Thea ainda não teve coragem de anunciar o noivado à mãe. Mas Jashan esvazia a geladeira da família, que estava abastecida para fazer as receitas tradicionais anuais, cozinhando um jantar indiano surpresa, que ninguém estava realmente interessado em provar.

As situações de disputa cultural se tornam cada vez mais absurdas e insuportáveis, demonstrando que ninguém em toda essa história tem maturidade ou benevolência para compreender e aceitar a importância das tradições para o outro. A péssima hospitalidade da família de Thea demonstra seu desrespeito com imigrantes, diminuindo-os e hostilizando-os, enquanto Jashan não passa de um garoto mimado e com baixa inteligência interpessoal para identificar nas expressões de sua noiva o que ela quer ou não e que a proposta de casamento foi apressada demais. Por outro lado, Thea é permissiva e deixa os dois lados se massacrarem sem saber como mediar a situação de forma calma e pacífica.

“O Natal de Costume” é uma demonstração muito clara de como reunir a família para o Natal pode ser uma experiência traumática. Perguntas desagradáveis, pressões desnecessárias, expectativas que parecem nunca ser supridas. Viver tentando agradar pais, mães, tios, tias e avós é um tanto exaustivo e impossível. Os exageros típicos da comédia familiar, os estereótipos e caricaturas, mais assustam que provocam humor. Do norueguês Petter Holmsen, o filme é um exemplo de como não devemos nos comportar ao visitar parentes para as festas de fim de ano.


Filme: O Natal de Costume
Direção: Petter Holmsen
Ano: 2023
Gênero: Comédia/Romance
Nota: 7/10