Na Netflix, filme de Michael Bay vai envolvê-lo, angustiá-lo e perturbá-lo por 144 minutos. Divulgação / Paramount Pictures

Na Netflix, filme de Michael Bay vai envolvê-lo, angustiá-lo e perturbá-lo por 144 minutos.

No filme “13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi”, de 2016, dirigido por Michael Bay, um olhar é lançado sobre o turbilhão de eventos que desestabilizou a Líbia no início do século 21. Este filme, categorizado como drama, guerra, thriller e ação, e recebendo uma nota de 8 em 10, desembaraça a complexa rede de eventos que catapultaram o país para um estado de desordem e calamidade persistente, um destino infeliz compartilhado por muitas nações do Oriente Médio — Iraque, Afeganistão e Síria, para nomear alguns. A narrativa se desdobra entre a incapacidade de liderança e as desastrosas incursões dos Estados Unidos e da OTAN, a aliança militar ocidental.

Desde o longínquo 15 de fevereiro de 2011, a Líbia tem sido palco de um absurdo confronto, refletindo a mais desconcertante faceta da natureza humana que se manifesta em conflitos duradouros. Este país já tinha presenciado um período crítico em sua trajetória em 1º de setembro de 1969, com o golpe que levou Muammar Gaddafi ao poder — um líder fascinado pelos prazeres do Ocidente e que reinou por 42 anos devido aos excessos do rei Idris I, tão alienados das necessidades do povo que acabaram por incitar uma revolução. O exílio de Idris no Egito, sem desencadear uma guerra civil, não impedia que este país caminhasse por uma trilha semelhante.

As forças antagonistas na história humana têm frequentemente sido o berço dos heróis. No entanto, há uma sedução pela guerra, pelo aroma intoxicante da pólvora e pelo estrondo dos canhões, que muitas vezes leva ao abandono da diplomacia. Uma conversa honesta e uma disposição generosa para o entendimento poderiam prevenir muitos conflitos que, habitualmente, nascem de mal-entendidos. Este descuido da razão leva a derramamentos de sangue que chocam a consciência. Segundo a ONU, criada para intermediar tais conflitos, existem aproximadamente trinta zonas de guerra ativas hoje, muitas delas inflamadas por disputas territoriais, divergências religiosas e reivindicações sobre recursos naturais.

A situação contemporânea da Líbia é tristemente simbolizada pelo retorno de Jack Silva, interpretado por John Krasinski, um fuzileiro naval que regressa ao combate, não por patriotismo, mas para suplementar sua insatisfatória carreira de corretor de seguros. A Líbia, representada com um pano de fundo desbotado e poeirento, onde crianças esqueléticas perseguem os veículos da OTAN, ilustra a miséria de um país isolado, sem representações diplomáticas, dependendo das escassas concessões da política externa de Obama.

O roteiro de Chuck Hogan, inspirado na obra de Mitchell Zuckoff, que entrevistou os soldados homônimos, captura a transição da Líbia para uma guerra sem precedentes, provocando no espectador um conflito de emoções, balançando entre a empatia e a aversão pelos soldados, enquanto a Líbia permanece um enigma na geopolítica global.


Filme: 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi
Direção: Michael Bay
Ano: 2016
Gêneros: Drama/Guerra/Thriller/Ação
Nota: 8/10