Novo romance com Giovanna Lancellotti, na Netflix, está deixando a crítica em polvorosa Juliana Cerdeira / Netflix

Novo romance com Giovanna Lancellotti, na Netflix, está deixando a crítica em polvorosa

Sempre que um filme brasileiro estreia na Netflix a expectativa é grande, afinal o serviço de streaming é uma janela mágica que leva produções artísticas dos mais variados países para todas as partes do mundo. É a chance que o cinema brasileiro tem de se destacar diante da crítica mundial e mostrar seu potencial. “O Lado Bom de Ser Traída”, filme de Diego Freitas adaptado do livro de Sue Hecker, segue a febre das tramas eróticas que tem estampado as capas dos streamings. Giovanna Lancellotti é o nome da moda e é ela quem protagoniza a maioria dos romances nacionais que tem saído por aí. Aqui ela é Babi, uma advogada prestes a se casar, que tem sua vida virada de cabeça para baixo ao descobrir a traição do noivo, Caio (Micael Borges), em sua despedida de solteiro.

Apaixonada por velocidade e perigo, Babi se junta a um motoclube, onde reencontra o juiz Marco (Leandro Lima), que além de já ter figurado um de seus sonhos eróticos é o responsável por julgar um processo em que escritório de contabilidade de Babi está envolvido. Bastam algumas cenas de tensão sexual entre a protagonista e Marco e logo as câmeras flagram os dois em longas e quentes tomadas eróticas. Com lentes que dão closes em seios, protuberâncias musculares e poros de peles, a fotografia saturada de Victor Alencar reforça a sensualidade das imagens.

Babi rapidamente esquece seu relacionamento de cinco anos com Caio e o coração partido para embarcar em um romance tórrido com Marco, que sempre sai de supetão de seus encontros com a moça, deixando sempre um ar de mistério. Quando verdades são reveladas, a trama muda da água para o vinho e o romance dá lugar para um enredo de suspense e ação.

Nas entrevistas promocionais, o elenco central, formado por Giovanna Lancellotti, Camilla de Lucas (que interpreta Patty, melhor amiga de Babi) e Leandro Lima, demonstrou depositar bastante expectativa em cima deste trabalho, o descrevendo como “inovador”, “feminista” e “não vulgar”. É obvio que os artistas tinham obrigação de defender seu filme, mas “O Lado Bom de Ser Traída” está longe de ser todas essas coisas. Com uma trama pouco consistente, diálogos pobres e cafonas e muitos clichês (mas não daqueles que a gente gosta), o longa-metragem não é, nem de longe, o melhor produto que o cinema brasileiro tem para oferecer, mas chega bem perto de ser o pior. O roteiro é extremamente raso e busca se explicar por meio de uma série de situações tão simplistas quanto ridículas.

Camilla de Lucas é a única que se destaca com uma atuação que surpreende para quem está apenas começando no ramo, mas é vítima de todos os estereótipos da mulher negra no cinema: a amiga, nunca a protagonista; fútil e fetichizada. Ela é uma jovem solteira que aproveita a liberdade para se encontrar com diversos homens que conhece por meio de aplicativos de relacionamento. Não tem problema algum, mas em todas as cenas, sua personagem, Paty, está apenas fazendo ou falando sobre sexo. Simplesmente não há profundidade da persona. Não somos apresentados para uma camada mais interna da personagem, embora ela seja melhor amiga da protagonista. Ela é sempre sexualizada.

Embora a equipe de produção resista às comparações com estes filmes, “O Lado Bom de Ser Traído” só recicla a fórmula de sucessos como “365 Dias” e “50 Tons de Cinza”, não oferecendo nada de novo, de incomum ou de autêntico.


Filme: O Lado Bom de Ser Traída
Direção: Diego Freitas
Ano: 2023
Gênero: Romance/Drama/Suspense
Nota: 6/10