Baseado em best-seller que vendeu 20 milhões de exemplares, filme da Netflix fará com que 95 minutos pareçam o resto de sua vida Divulgação / Jessica Kourkounis

Baseado em best-seller que vendeu 20 milhões de exemplares, filme da Netflix fará com que 95 minutos pareçam o resto de sua vida

Cineastas de não-ficção muitas vezes trazem à tona perspectivas mais tangíveis, lançando luz sobre temas que podem parecer esotéricos sob as lentes de diretores mais inclinados à fantasia. Em 2020, Liz Garbus decidiu mergulhar na dramaturgia ficcional, dando-nos “Lost Girls: Os Crimes de Long Island”. O filme desvenda mistérios de um caso controverso que intrigou a mídia sensacionalista, colocando em xeque a eficácia policial dos EUA. A transição de Garbus do documentário para a ficção foi como um rio fluindo sem impedimentos, enriquecida pela contribuição de Michael Werwie. E não nos esqueçamos do monumental “What Happened, Miss Simone?”, que tornou Garbus um nome proeminente em Hollywood e pavimentou o caminho para desafios cinematográficos mais complexos.

Ser mãe é uma jornada de desafios e emoções. Carregam-se no ventre um ser que, embora ligado por cordões umbilicais, tem sua própria essência. Após o nascimento, surge o ciclo da amamentação, a montanha-russa dos cuidados infantis, e a mamadeira segue-se, entre inúmeras fraldas e noites sem dormir. O primeiro dia de escola é um marco de independência e descoberta, um retrato da complexidade das relações humanas em miniatura. Na busca pelo reconhecimento, esses jovens espíritos aprendem, crescem e, inevitavelmente, buscam sua própria identidade. Para as mães, o desafio é navegar entre o amor incondicional e o reconhecimento da autonomia dos filhos. E é dolorosamente comum que algumas percepções de felicidade se choquem e se distanciem.

Amy Ryan, interpretando Mari Gilbert, não nos oferece nem uma lasca de tranquilidade. Seu caráter está perpetuamente tensionado pela adversidade – seja pela pobreza, isolamento ou pela angústia da incerteza. Quando sua filha, Shannan, desaparece em Ellenville, as engrenagens da trama começam a girar. A incapacidade da polícia de responder prontamente ao desaparecimento de Shannan acentua a dissonância entre a autoridade e a comunidade marginalizada. À medida que a trama se desenrola, emergem os vestígios de um sinistro assassino em série, lançando sombras de desespero sobre a já atormentada Mari.

Liz Garbus habilmente tece a narrativa com uma combinação de tensão palpável e realismo investigativo. Em momentos, pode parecer que o filme oscila à beira do abismo narrativo, mas Garbus mantém um foco aguçado na profundidade emocional de sua obra. “Lost Girls: Os Crimes de Long Island” é um testemunho da habilidade de Garbus em fundir narrativa documental com ficção, e ao final, o espectador é deixado com uma melancolia penetrante, ponderando sobre as vidas e destinos das personagens retratadas.


Filme: Lost Girls: Os Crimes de Long Island
Direção: Liz Garbus
Ano: 2020
Gêneros: Drama/Mistério
Nota: 9/10