Filme que foi aplaudido de pé em última exibição na Netflix Mary Cybulski / Universal Pictures

Filme que foi aplaudido de pé em última exibição na Netflix

O universo cinematográfico, ao longo das décadas, desvendou e retratou as intrincadas nuances da existência humana. Dentre essas, o desafio da metamorfose da juventude para a fase adulta é um assunto que sempre atraí a atenção. Esta transição, carregada de emoções, contratempos, revelações e frequentemente temperada por atritos intergeracionais, é algo que, apesar de singular para cada um, encontra ecos em corações ao redor do mundo. É nesta esfera que “The King of Staten Island”, sob o olhar perspicaz de Judd Apatow, emerge como uma pérola brilhante.

Staten Island, o pano de fundo deste enredo, é uma parte de Nova York que, embora muitas vezes ofuscada pelo esplendor das áreas mais destacadas da cidade, carrega uma essência inigualável. É neste espaço que nos encontramos com Scott, um jovem que navega pelas águas tumultuadas da autodescoberta. A genialidade em escolher esta localização repousa na habilidade de refletir o espírito do protagonista: um indivíduo buscando seu espaço em um cosmos deslumbrante e, às vezes, avassalador.

Scott, em sua jornada repleta de dilemas e sonhos, é um espelho para tantos jovens à deriva, tentando se ancorar em um propósito. Em meio a esse caos, a entrada de Ray, uma performance estelar de Bill Burr, catalisa uma profunda introspecção sobre os conceitos de masculinidade e os paradigmas do papel masculino na sociedade contemporânea. A relação entre Ray e Scott é uma dança delicada, oscilando entre conflitos e entendimentos, desvendando as intricadas camadas de convivência entre diferentes perspectivas geracionais.

Contrastando e complementando a trama, as mulheres da narrativa, com destaque para Margie, Kelsey e a encarnação vivida por Maude Apatow, se destacam não como meros satélites, mas como corações pulsantes que direcionam e influenciam o fluxo da história. Elas reforçam a ideia da feminilidade como epicentro de transformação, introspecção e evolução, ressaltando o papel vital das mulheres em moldar e enfrentar os desafios do cotidiano.

Ao longo de sua narrativa, Apatow consegue pintar um retrato vívido e emocional da jornada humana. “The King of Staten Island” é mais do que um mero relato de crescimento; é um mergulho profundo no mar das relações humanas, nas vicissitudes da existência contemporânea e no anseio contínuo por conexão e validação. Com personagens esculpidos com destreza e uma trama astutamente estruturada, o filme não apenas captura a atenção, mas convida o espectador a uma reflexão profunda sobre sua própria vida e as interações nela contidas.


Filme: The King of Staten Island
Direção: Judd Apatow
Ano: 2020
Gênero: Drama/Comédia
Nota: 10