Último dia para assistir na Netflix: a obra-prima de Steven Spielberg que ganhou 4 Oscars Divulgação / DreamWorks

Último dia para assistir na Netflix: a obra-prima de Steven Spielberg que ganhou 4 Oscars

A devastadora praga da escravidão, uma das maiores cicatrizes da história, perpetuou-se através dos séculos em diversas nações, uma manifestação atroz da maldade humana e da indiferença dos que permanecem silenciosos. Este fenômeno lamentável não apenas ressoa como um eco dos tempos antigos, mas também reflete as sombras escuras de eras passadas que são frequentemente ignoradas ou esquecidas.

Assim como alguns episódios históricos são trazidos à luz para serem analisados e discutidos, outros permanecem encobertos pela névoa do esquecimento, revelando-se apenas parcialmente à luz da verdade e do entendimento contemporâneo. “Amistad”, dirigido por Steven Spielberg, é um reflexo cinemático que busca iluminar um período sombrio e muitas vezes negligenciado da história americana, representando uma luta contínua que ainda afeta diversos setores da sociedade moderna.

Um homem a lutar contra suas cadeias é uma imagem poderosa que toca qualquer um que tem um pingo de empatia e consciência social, e quando esse homem é de origem africana, surgem reflexões profundas sobre os intricados sistemas de poder estabelecidos entre os séculos 16 e 19. Spielberg, através de “Amistad”, projeta argumentos e temas semelhantes aos que foram explorados em “A Lista de Schindler”, representando não somente as atrocidades da história, mas também a persistente resistência e resiliência do espírito humano. Ao longo do filme, aspectos cruciais do roteiro de David Franzoni são revelados, destacando a escravidão e o Holocausto como dois dos mais profundos horrores da história humana, frutos da capacidade única do homem de infligir sofrimento à sua própria espécie.

Spielberg interliga esses eventos trágicos por meio de diálogos significativos, referindo-se a Jesus Cristo, e traça um paralelo com Cinque, personagem principal do filme, um líder proveniente de Serra Leoa que foi submetido à escravidão por seus próprios conterrâneos.

O conflito intrínseco e a tensão narrativa de “Amistad” se concentram principalmente na luta pela liberdade de Cinque e de seus companheiros insurgentes, os quais enfrentam um dos processos judiciais mais complexos da história americana. Spielberg desvenda com habilidade detalhes e nuances do contexto histórico, como as inclinações escravagistas dos juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos em 1839.

Hopkins, interpretando John Quincy Adams, incorpora magnificamente o papel do defensor da liberdade, representando um pilar moral e ético diante da controvérsia racial e social. Seus argumentos e postura refletem uma compreensão e um compromisso profundo com os direitos humanos, ecoando os princípios de igualdade e dignidade que deveriam ser universais.

“Amistad” é uma obra cinematográfica excepcional que explora temas profundos e universais, servindo como um lembrete doloroso das atrocidades passadas, mas também como uma luz de esperança e um chamado à reflexão e à mudança. Este filme de Spielberg, lançado em 1997, nos convida a reavaliar nossa compreensão da história e a repensar os valores e princípios que definem nossa humanidade, desafiando-nos a romper as cadeias do preconceito e da injustiça e a construir um futuro mais justo e inclusivo.


Filme: Amistad
Direção: Steven Spielberg
Ano: 1997
Gêneros: Drama/Mistério/História
Nota: 9/10