O filme insano de ação na Netflix que vai te fazer jorrar adrenalina pelos olhos Son Ik-chung / Netflix

O filme insano de ação na Netflix que vai te fazer jorrar adrenalina pelos olhos

O intricado labirinto da memória muitas vezes tece artimanhas e ilusões, mas o que pode ser considerado mais intrigante são as manobras que nós, humanos, realizamos para enganar o incessante tic-tac do relógio.

A vida nos imerge em uma série de compromissos e responsabilidades; por vezes nos vemos em um vórtice onde, apesar de nossos esforços, a impossibilidade de resgatar um pensamento efêmero se torna nossa realidade, um design biológico refinado para impedir desperdícios de tempo e energia com trivialidades.

Inicialmente, resistimos à perspectiva de experienciar estes lapsos involuntários de memória, percebendo-os como sinais alarmantes de que uma revolução em nossos estilos de vida se faz necessária, instigando a implementação de novos modelos de vida, onde a busca pelo prazer supera o stress até nas tarefas mais simples.

É possível que, através destas mudanças, possamos encontrar o tão almejado equilíbrio, uma idealização frequentemente discutida, mas que parece ser a chave para uma existência harmoniosa no complexo século 21.

“Carter” (2022), dirigido pelo sul-coreano Jung Byung-Gil, tece uma narrativa que explora a fragilidade humana em uma era dominada pela tecnologia, retratando-a simultaneamente como redentora e verdugo. Desde o princípio, o enredo se desdobra em uma série de confrontos, revelando a vulnerabilidade do protagonista em um mundo saturado de conflitos.

A influência de filmes como “Nikita: Criada Para Matar” (1990) e “A Vilã” (2017) é evidente, mas o filme vai além, trazendo à tona questões contemporâneas e provocando reflexões sobre a natureza da violência e moralidade. A inserção gradual de personagens e subtramas enriquece a narrativa, ilustrando a busca desesperada do protagonista por conexões humanas e seu passado, em um cenário onde a desolação parece ser a única constante.

O protagonista, Carter, também conhecido como Michael Bane, é um agente secreto que oscila entre diferentes lealdades e identidades, sendo constantemente privado de sua intimidade e autonomia, vítima de uma dependência voraz por tecnologia para se orientar em um mundo caótico. Jung constrói uma narrativa envolvente que expõe o espectador à dicotomia de submissão e resistência frente a adversidades. A estética cinematográfica e a atmosfera densa refletem o conflito interno do personagem e a incessante busca por redenção e significado em um mundo aparentemente desprovido de ambos.

A tensão narrativa é exacerbada pela interação com personagens complexos e pela constante presença de ameaças, criando um filme em que a história e a busca individual por sentido e identidade superam qualquer outro elemento.

Em alguns pontos, a utilização excessiva de efeitos especiais compromete a autenticidade e emoção do filme, mas o magnetismo de Woo consegue resgatar o interesse do público, evidenciando a importância da humanização dos personagens em uma trama marcada por sua frieza e refinamento técnico. O filme reflete as tensões geopolíticas contemporâneas e propõe uma nova perspectiva para capturar a atenção do espectador, sendo uma obra que desafia e inova os paradigmas do cinema de ação.


Filme: Carter
Direção: Jung Byung-Gil
Ano: 2022
Gênero: Ação
Nota: 8/10