O melhor filme dos últimos 30 anos está na Netflix Divulgação / Twentieth Century Fox

O melhor filme dos últimos 30 anos está na Netflix

Depois de ganhar 15 quilos para encarnar Derek Vinyard em “A Outra História Americana”, Edward Norton teve apenas alguns meses para perder oito quilos de toda aquela massa muscular, preparando-se para o papel do Narrador em “Clube da Luta”, lançado no ano subsequente. Dirigido por David Fincher e adaptado para as telas por Jim Uhls a partir do romance homônimo de Chuck Palahniuk, o filme emergiu como um marco na história cinematográfica, competindo por um Oscar e, até hoje, desfrutando do status de um cult do cinema. A ironia é que, apesar de não ter sido um sucesso estrondoso nas bilheteiras, “O Clube da Luta” é aclamado como uma das obras-primas da cinematografia moderna.

Este é um dos raros casos em que o filme supera a qualidade do livro que o inspirou. A obra literária de Palahniuk vendeu mais de 5 milhões de cópias em todo o mundo, consolidando-o como um autor de sucesso cujas histórias frequentemente orbitam em torno de personagens às margens da sociedade. Em “Clube da Luta”, o protagonista, conhecido como o Narrador (Norton), é um indivíduo exaurido pelo trabalho, mergulhado no consumismo e assombrado pela insônia. Sua vida desmorona quando seu apartamento é consumido pelo fogo, levando-o a uma espiral de perda material.

O Narrador, viciado em grupos de apoio que não necessita, cruza o caminho de Marla (Helena Bonham Carter), uma mulher igualmente excêntrica que, como ele, frequenta esses encontros sem motivo real, buscando alívio para suas próprias dores. Em um voo, o Narrador conhece Tyler Durden (Brad Pitt), um indivíduo de aparência peculiar e discursos anticapitalistas sedutores. A relação entre eles se desenvolve de maneira única, com ambos liberando adrenalina em confrontos físicos e fundando o Clube da Luta.

O clube, inicialmente um escape para a frustração e o tédio da vida moderna, rapidamente evolui para algo mais sinistro. Tyler assume a liderança, impondo regras estritas e incluindo o mandamento primordial de não revelar a existência do clube a ninguém. O movimento cresce, se transformando em uma espécie de culto onde homens se reúnem para duelos violentos, assistidos por outros participantes.

O carisma de Durden o catapulta como liderança de um verdadeiro exército de seguidores, promovendo atos de terrorismo anticapitalista contra instituições financeiras, empresas e outros símbolos da elite econômica. Enquanto a narrativa se desenrola, o Narrador tenta impedir a escalada de violência desencadeada por seu amigo megalomaníaco, ao mesmo tempo em que as autoridades encarregadas de impor a lei e a ordem se revelam membros secretos do Clube da Luta.

O enredo fascinante e sombrio, conduzido pelas atuações brilhantes de Norton e Pitt, sutilmente espalha pistas sobre seu desfecho ao longo da trama. O filme culmina em um final surpreendente e chocante, o destacando como uma das obras mais controversas da história recente do cinema. “Clube da Luta” despeja no público doses cavalares de violência, explosões e sexualidade, mas sua mensagem transcende a superfície, explorando temas de masculinidade, pertencimento e desapego do materialismo.

Chuck Palahniuk, o autor por trás da história, revelou que a ideia do Clube da Luta nasceu de sua própria experiência de ser agredido em um acampamento após uma confusão com outros campistas. No trabalho, ele confrontou a notável indiferença de seus colegas em relação aos hematomas em seu rosto, mostrando como os ambientes profissionais não conectam as pessoas suficientemente em nível pessoal para perceber ou se importar.


Filme: Clube da Luta
Direção: David Fincher
Ano: 1999
Gênero: Drama/Ação
Nota: 10