Filme com Emma Thompson na Netflix vai melhorar o seu fim de semana Divulgação / Amazon Studios

Filme com Emma Thompson na Netflix vai melhorar o seu fim de semana

Embora o ser humano tenha evoluído de sua condição de quadrúpede para sua forma atual, ainda somos habitantes de uma selva contemporânea chamada capitalismo. Este sistema socioeconômico é norteado por uma série de leis tanto implícitas quanto explícitas, entre as quais se destacam os princípios da economia de mercado e da livre concorrência.

Estes foram defendidos com notável perspicácia por Adam Smith, o filósofo e economista escocês que se tornou uma das figuras mais emblemáticas do Século das Luzes. Smith foi além do seu tempo, sendo um visionário cujas ideias acerca do liberalismo econômico moldaram o que hoje conhecemos como capitalismo moderno.

Sua doutrina propõe uma economia onde o Estado tem mínima interferência, e em que os consumidores têm plena liberdade de escolha. Essa competição, em sua visão, levaria ao aprimoramento natural das empresas, algo que pode ser comparado a uma forma de darwinismo mercantil.

Em um cenário tão competitivo, a adaptação é vital, um tema que é indireta, mas pungentemente abordado no filme “Late Night” (2019), dirigido por Nisha Ganatra. Com uma carreira abrangente que engloba roteirismo, produção e direção, Ganatra oferece um olhar penetrante sobre a indústria do entretenimento.

Ela examina a maneira como as empresas de comunicação mais tradicionais estão lutando para se adaptar à onipresença disruptiva das redes sociais, plataformas de vídeo e, sobretudo, dos serviços de streaming. A diretora também não evita questões sociais urgentes, abordando a falta de diversidade e representatividade em um setor ainda amplamente dominado por homens brancos.

O filme foca na personagem Katherine Newbury, interpretada magistralmente por Emma Thompson, uma comediante veterana que está lutando para manter sua relevância em uma era que parece ter se distanciado de sua abordagem clássica ao humor. Mindy Kaling, que também é a roteirista do filme, desempenha o papel de Molly Patel, uma jovem aspirante a comediante que vem para sacudir o mundo de Katherine. Molly é a injeção de realidade de que a equipe de Katherine, e por extensão ela própria, precisa desesperadamente.

Molly Patel é uma personagem que trocou um emprego estável em uma indústria química na Pensilvânia para buscar seus sonhos na selva de pedra de Nova York. O que ela rapidamente percebe é que trabalhar com sua antiga ídola, Katherine, não é o conto de fadas profissional que ela havia imaginado.

Katherine é dura, exigente e tem pouca paciência para novatos. No entanto, é através desta dinâmica difícil que ambas as mulheres começam a reconhecer suas próprias falhas e a necessidade de mudança.

A narrativa do filme se desenrola de forma que captura a complexidade dos personagens e os dilemas morais e profissionais que enfrentam. Ganatra usa reviravoltas pontuais e bem colocadas para desafiar suas personagens e o público, levando a narrativa para direções inesperadas. No final, “Late Night” não é apenas uma crítica à indústria do entretenimento ou um tratado sobre as falhas do capitalismo; é uma história sobre o poder redentor da mudança, crescimento e, mais crucialmente, da empatia.


Filme: Late Night
Direção: Nisha Ganatra
Ano: 2019
Gêneros: Drama/Comédia
Nota: 9/10