Último dia para assistir na Netflix: o filme mais intenso e alucinante do cinema nos últimos anos Niko Tavernise / Lionsgate

Último dia para assistir na Netflix: o filme mais intenso e alucinante do cinema nos últimos anos

John Wick (Keanu Reeves) é um homem que não tem paz. Ele tenta incessantemente se aposentar, mas o talento para matar o chama sempre que ele encontra uma pausa entre uma e outra matança. E há algo de elegante para essa espécie de James Bond sanguinário e americano, que apenas Reeves poderia lhe dar tão naturalmente. Há uma falta de expressividade no rosto do ator que esconde uma melancolia afogada em seus olhos. Uma beleza congelada em sua pele e uma presença poderosa e magnética em sua postura rígida e seu corpo de 1,86 que parece se agigantar cada vez que aparece na tela.

Reeves é experiente em coreografias de luta, especialmente depois de revolucionar o gênero ação como Neo, de “Matrix”, tornando o kung-fu tão suave e delicado quanto o balé e trazendo toda sua elegância estranha e fora do padrão. Aqui, ele mistura judô e jiu-jitsu com a mesma graciosidade em cenas de plano-sequência. Wick é lacônico. “Ele nunca desperdiça palavras”, diz Santino, que cobra a dívida que irá sacodir Wick de seu caixão como um Drácula que desperta furioso de seu descanso. Após pagar a “promissória”, o mundo de Wick se torna ainda mais agitado, porque a morte da irmã de Santino, que ele próprio havia encomendado, fará surgir uma onda de ataques de vingança contra o protagonista, que agora terá de lutar para sobreviver.

Com cenários pitorescos, que fazem jus ao requinte de Wick, o filme traz cenas pinceladas por ruas históricas de Roma, em uma galeria de obra de arte em Nova York, em um jardim de hotel que mais parece o pátio do Museu Rodin, em uma estação de metrô minimalista e futurista, onde Wick e Cassian (Common), guarda-costas de Gianna — assassinada por Wick — trocam tiros silenciosos sem serem percebidos pela multidão transeunte.

Tão discreto quanto Wick, que tem poucas palavras para distribuir durante o filme, é o próprio roteiro, que não desperdiça diálogos e explica pouco sobre cada personagem ou sua relação com o protagonista. Mesmo assim, deixa ganchos para que os espectadores tracem em suas mentes os elos e as histórias. Por vezes faz uso de sombras noir e iluminações em neon para dar clima de mistério à trama.

Explosivo, enérgico do início ao fim, violento e requintado, esse filme de ação vai injetar a dose certa de adrenalina na sua veia que vai te deixar agitado até assistir a sequência da franquia.


Filme: John Wicke: Um Novo Dia Para Matar
Direção: Chad Stahelski
Ano: 2017
Gênero: Ação
Nota: 9/10