Comédia espanhola na Netflix vai te fazer rir e deixar seu dia melhor Divulgação / Antonio J. García

Comédia espanhola na Netflix vai te fazer rir e deixar seu dia melhor

Ser chefe em uma empresa é uma posição tão ambivalente que pode ser o maior sonho de um profissional e se tornar seu maior pesadelo, como é o caso de César (Luis Callejo), CEO de uma valiosa multinacional que vê sua vida se transformar da água para o vinho, da noite para o dia. O filme é “O Chefe”, do espanhol Sergio Barrejón, escrito por Natxo López e Marta Piedade, uma comédia agridoce e cheia de ironias sobre as relações sociais e de trabalho e o mundo capitalista.

Arrogante, fanfarrão, alcoólatra e usuário de cocaína, César é um patrão controverso, que adora ter o mundo aos seus pés e ser bajulado pelos funcionários de sua empresa. Ele acredita, falsamente, ser um homem feliz e bem-sucedido, mas está preso em uma ilusão que está prestes a desmoronar. De repente, sua esposa o expulsa de casa, o conselho da companhia está mancomunado contra ele e desviando recursos, seu maior puxa-saco está fazendo sexo com sua mulher e as ações caem no mercado, fazendo o valor da empresa despencar. O chefe, então, tem uma semana para tentar salvar tudo pelo qual conquistou.

César acredita ser o maioral quando, na realidade, seus funcionários de maior confiança estão rindo pelas suas costas, exceto o caxias Javier (Josean Bengoetxea). Quando vê sua companhia atolando em dívidas e prestes a falir, o CEO desconfia logo de Javier, que é logo aquele que abre seus olhos para a corrupção que corrói o corpo colaborativo. São justamente aqueles a quem ele mais menospreza que irão ajudá-lo a se reerguer, enquanto os bajuladores são seus maiores inimigos. Entre os poucos escudeiros fiéis que encontra em meio à crise, está a faxineira colombiana Ariana (Juana Acosta).

O filme traz uma perspectiva de como é a mecânica social dentro das empresas, mostrando que nem sempre os funcionários que fazem tudo que o chefe quer são os mais leais. Às vezes, são os subestimados que estão realmente preocupados em executar seu trabalho corretamente e serem honestos. Barrejón transforma a caça em caçador e vice-versa nessa comédia cheia de cenas e diálogos politicamente incorretos e controversos.

Há um contraste de personalidades, que tornam essa história ao mesmo tempo que cômica, também sombria. Ela nos faz enfrentar a possibilidade de encontrar dentro das pessoas que mais confiamos criaturas traiçoeiras. Ou seja, nem tudo é o que parece e a vida é um espelho de ilusões. Mas é preciso enxergar que, como comédia, o enredo abusa dos estereótipos e transforma pessoas em caricaturas.

Primeiro longa-metragem dirigido por Barrejón, ele considera a produção independente e alternativa. Para o cineasta, realizar essa ficção, que teve estreia no Festival de Málaga de 2018, foi um deleite. Em entrevista, ele contou que foi justamente o fato de o orçamento ser baixo e ter poucos financiadores que deu à toda equipe de produção, técnica e elenco liberdade criativa para fazer um filme que veio do coração. Ele ainda contou que não apenas as gravações ocorreram de forma fácil e espontânea, como a pós-produção também foi tranquila e rápida.


Filme: O Chefe
Direção: Sergio Barrejón
Ano: 2018
Gênero: Comédia
Nota: 7/10