Autor: Valdivino Braz

Dá-lhes, Joyce!

Dá-lhes, Joyce!

Fruir o lúdico joyceano. É o mínimo que “Finnegans Wake” espera de nossa parca inteligência. Fruir (vide mestre Aurélio) é “estar na posse de”. Se você não toma posse do texto, nada possui ou extrai dele; deixa, então, que o texto lhe possua. Esteja possuído, e já se dê por satisfeito. “Tirar de uma coisa todo o proveito, todas as vantagens possíveis, e, sobretudo, perceber os frutos e rendimentos dela”, prossegue mestre Aurélio, arrematando que fruir é desfrutar. Desfrute, ó falso leitor — “hypocrite lecteur”, diria Baudelaire.

O que as palavras criam

O que as palavras criam

Assim falava, e cuspia com raiva. O verbo com as tintas do desmantelo do mundo. E ali o negro humor, o corrosivo sarcasmo, o verbo laminado da fúria, a ferina ironia da língua envenenada. Por conta da queda e do desencanto. O canto cáustico, cítrico, iconoclasta. Ocasionalmente cínico, consoante a circunstância de dar-se o devido troco.

Canhestros cantares para Ezra Pound

Canhestros cantares para Ezra Pound

Ergue-se dos escombros o castelo dos escândalos. Ergue-se com todos os mortos, os duques, os barões, os vassalos, os anões. E as armas, os brasões, os galos da aurora, os cães, os vilões da história. Aprumam-se os galgos soberbos, e os cavalos de Tróia; abertas as portas e as coxas da fortaleza a uma nova temporada de caça à raposa, aos patos selvagens de Ibsen, aos pombos-correios traídos, de conúbios proibidos.