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Morreu aos 24. Mas ensinou um país escravizado a ouvir a própria dor

Morreu aos 24. Mas ensinou um país escravizado a ouvir a própria dor

Uma vida breve acende um horizonte inteiro: quando a língua pública encontra sua hora, a juventude vira trabalho coletivo e um país ainda erguido sobre trabalho escravizado passa a ouvir a própria consciência em voz alta. Entre Bahia, Recife e São Paulo, oratória e poesia se confundem em convocação. O corpo cobra pedágio da língua, mas não a interrompe. A morte chega cedo, e mesmo assim a repercussão perdura em escolas, praças, jornais e cenas de hoje, onde versos antigos seguem escavando espaço para o ar que faltava.

 Mulheres que a História da Arte apagou Foto / Arquivo Nacional

 Mulheres que a História da Arte apagou

Durante séculos, a História da Arte apagou criadoras. O cânone consolidou-se masculino, ignorando pintoras, teóricas e performers. Sofonisba Anguissola, Artemisia Gentileschi, Berthe Morisot, Mary Cassatt, Hilma af Klint, Lee Krasner, Joan Mitchell, Helen Frankenthaler, Sonia Delaunay e Anni Albers comprovam outra genealogia possível. No Brasil, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Lygia Clark mudaram rumos, do modernismo à experimentação sensorial. Recuperar essas vozes reorganiza relações de poder, reabre arquivos e amplia referências para novas gerações de artistas, críticos e públicos.

As Flores do Mal: Charles Baudelaire e o cântico da modernidade

As Flores do Mal: Charles Baudelaire e o cântico da modernidade

No século 19, um poeta francês rompeu os limites da moral e da arte ao transformar a cidade, o desejo e a decadência em matéria poética. Sua escrita misturou o belo e o grotesco, desafiando as convenções burguesas e revelando a alma inquieta da modernidade. Condenado por ofender os bons costumes, ele fez do escândalo um gesto estético e fundou uma nova sensibilidade: a do homem urbano, dividido entre o tédio, a paixão e a busca pelo absoluto.

Sobre crianças e crocodilos

Sobre crianças e crocodilos

Sem disfarçar o constrangimento, a mãe acorreu, afastou a criança e pediu desculpas pelo transtorno. Assustado, o garoto explicou que só queria saber por que a mulher de muletas tinha uma perna a menos do que todo mundo ali. Não se preocupe, senhora. Eu não me incomodo. Venha até aqui. O pequeno hesitou, olhou para a mãe e ela acabou assentindo. O menino de olhos vívidos permaneceu calado, na expectativa da revelação.

Geraldo Vandré. O homem que negou o altar dos mitos. Tornou-se a maior lenda e o maior enigma da música brasileira

Geraldo Vandré. O homem que negou o altar dos mitos. Tornou-se a maior lenda e o maior enigma da música brasileira

Entre arquibancadas e arquivos, ele atravessou décadas sem pedir holofote: nasceu em João Pessoa, formou-se em Direito no Rio, brilhou nos festivais da televisão, partiu em 1969, voltou em 1973, escolheu a mesa de serviço público, aceitou homenagens discretas e guardou a própria voz. A biografia avança em passos medidos: parceria com músicos, exílio, anistia, rotina civil, encontros raros com plateias, entrevista que recusa rótulos, nonagenário em reserva.