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Prepare o coração: o filme mais inesperadamente lindo da Netflix em 2025 não veio de Hollywood Divulgação / Netflix

Prepare o coração: o filme mais inesperadamente lindo da Netflix em 2025 não veio de Hollywood

O que acontece quando a celebração do amor se transforma em terreno minado por disputas veladas, traumas antigos e tradições opressoras? Em um cenário idílico na ilha de Gotlândia, um casal sueco vê seu casamento se tornar palco de embates familiares, sabotagens afetivas e confrontos íntimos que expõem, com humor ácido e desconforto real, as rachaduras sob o verniz da felicidade.

Dê férias para sua cabeça: comédia romântica com Angelina Jolie, na Netflix, é programa perfeito para relaxar Divulgação / New Regency Productions

Dê férias para sua cabeça: comédia romântica com Angelina Jolie, na Netflix, é programa perfeito para relaxar

O que poderia ser apenas mais um exemplar de dramaturgia sobre o vazio de vidas excessivamente roteirizadas torna-se, por instantes, um espelho incômodo — ainda que fosco — das concessões que fazemos diariamente para não confrontar a finitude. Mas o filme evita a vertigem. Prefere o amortecimento da crise à exploração da queda. Ao invés de encarar as implicações brutais da sentença de morte anunciada, ele opta por pintá-la com as tintas suaves da transformação superficial: uma mudança de guarda-roupa, um gesto impulsivo, um beijo em horário nobre.

Comédia romântica com Reese Witherspoon e Mark Ruffalo, na Netflix, vai deixar seu domingo mais leve e feliz Divulgação / Dreamworks Pictures

Comédia romântica com Reese Witherspoon e Mark Ruffalo, na Netflix, vai deixar seu domingo mais leve e feliz

Poucos filmes conseguem lidar com o absurdo sem recorrer à caricatura. “E Se Fosse Verdade” parte de um enredo que, em mãos menos hábeis, seria facilmente engolido pelo melodrama ou pela ingenuidade do sobrenatural. Mas o que poderia ser apenas mais uma fábula romântica entre vivos e “desencarnados” ganha contornos mais complexos ao explorar, com surpreendente leveza, uma verdade difícil de encarar: o quanto adiamos a conexão humana em nome de uma vida funcional.

Ficção científica arrebatadora de Spike Jonze, com Joaquin Phoenix, sob demanda no Prime Video Divulgação / Warner Bros.

Ficção científica arrebatadora de Spike Jonze, com Joaquin Phoenix, sob demanda no Prime Video

Há algo de devastadoramente humano na ideia de amar o que não se pode tocar. “Ela”, de Spike Jonze, não parte da tecnologia como fetiche visual ou da ficção científica como espetáculo, mas da intimidade — essa matéria delicada que, no mundo contemporâneo, parece ter sido triturada pelo ritmo impessoal das rotinas digitais. O que o filme propõe, ao encenar o envolvimento de um homem com uma inteligência artificial, não é uma fantasia futurista, mas uma autópsia silenciosa das relações afetivas em tempos de hiperconectividade emocional e desconexão concreta.

Romance épico com Joaquin Phoenix e Marion Cotillard que vale ver duas vezes, no Prime Video Anne Joyce / Wild Bunch

Romance épico com Joaquin Phoenix e Marion Cotillard que vale ver duas vezes, no Prime Video

Logo nas primeiras cenas, Ewa Cybulska (Marion Cotillard) atravessa o labirinto de Ellis Island ao lado da irmã, Magda, cujo estado de saúde a transforma em um obstáculo à entrada nos Estados Unidos. A figura da Estátua da Liberdade, que tantas vezes foi usada como epíteto do acolhimento, aparece como pano de fundo para um gesto oposto: o de recusa. Enquanto Magda é isolada, Ewa é marcada como indesejável.