Autor: Natália Walendolf

De saída da Netflix: atuação mais genial da carreira de Anthony Hopkins Divulgação / Film4

De saída da Netflix: atuação mais genial da carreira de Anthony Hopkins

Em “Meu Pai”, Florian Zeller abandona qualquer tentação de explicar como é viver com demência e opta por uma experiência sensorial crua e desorientadora, na qual o espectador é empurrado para dentro de uma mente em colapso. O filme não se aproxima da doença para descrevê-la, mas para reproduzi-la — não com palavras, mas com a própria estrutura narrativa.

Obra-prima poética e dolorosa de Karim Aïnouz baseada em livro premiado de Martha Batalha, na Netflix Divulgação / Vitrine Filmes

Obra-prima poética e dolorosa de Karim Aïnouz baseada em livro premiado de Martha Batalha, na Netflix

Num intervalo suspenso entre o ruído abafado das ruas do Rio e o silêncio cúmplice dos interiores domésticos, duas mulheres vivem e desaparecem uma da outra como se a própria existência tivesse sido concedida sob uma condição. Não se trata de um drama de separação acidental, mas de um projeto social deliberado, meticuloso, que reduz os afetos femininos ao que cabe entre quatro paredes.

Épico com atuação de Kate Winslet digna de Oscar está no Prime Video Divulgação / Sky

Épico com atuação de Kate Winslet digna de Oscar está no Prime Video

A travessia de Lee Miller pelas trincheiras da Segunda Guerra desafia não só a lógica de sua época como as estruturas ainda resistentes da narrativa histórica tradicional. Ao ocupar um espaço que, até então, parecia vedado às mulheres — o da documentação direta dos horrores da guerra —, a personagem interpretada por Kate Winslet se revela não como exceção, mas como desvio corajoso de um padrão excludente.

Nicole Kidman viveu cenas tão intensas que precisou de dias para se recuperar — o filme já chegou ao streaming Divulgação / A24

Nicole Kidman viveu cenas tão intensas que precisou de dias para se recuperar — o filme já chegou ao streaming

Numa dança perigosa entre desejo e poder, “Babygirl” desafia a moralidade aparente para explorar os impulsos que operam à margem das convenções sociais. Halina Reijn constrói uma narrativa inquietante sobre segredos íntimos, atração incontrolável e o colapso silencioso das máscaras profissionais, onde prazer e risco se confundem em cada gesto não dito — e cada silêncio carrega o peso do que jamais se ousa admitir.

Comédia romântica com Reese Witherspoon e Mark Ruffalo, na Netflix, vai deixar seu domingo mais leve e feliz Divulgação / Dreamworks Pictures

Comédia romântica com Reese Witherspoon e Mark Ruffalo, na Netflix, vai deixar seu domingo mais leve e feliz

Poucos filmes conseguem lidar com o absurdo sem recorrer à caricatura. “E Se Fosse Verdade” parte de um enredo que, em mãos menos hábeis, seria facilmente engolido pelo melodrama ou pela ingenuidade do sobrenatural. Mas o que poderia ser apenas mais uma fábula romântica entre vivos e “desencarnados” ganha contornos mais complexos ao explorar, com surpreendente leveza, uma verdade difícil de encarar: o quanto adiamos a conexão humana em nome de uma vida funcional.