Inspirado em ‘Efeito Borboleta’, drama existencial ousado no Prime Video é um desafio mental e vai deixar seu cérebro afiado Divulgação / Soapbox Films

Inspirado em ‘Efeito Borboleta’, drama existencial ousado no Prime Video é um desafio mental e vai deixar seu cérebro afiado

Na ficção científica independente e de baixo orçamento de Jared Moshe, “Aporia”, o cineasta faz escolhas criativas para permitir que a história flua através de diversas possibilidades sem a necessidade de criar efeitos especiais de altíssimo custo. Judy Greer interpreta Sophie Rice, uma enfermeira e mãe de adolescente, que há oito meses tenta se adaptar à vida sem o marido e à dor desta perda, depois que ele foi atropelado por um motorista alcoolizado. O culpado, Darby Brinkley (Adam O’Byrne), é liberado da prisão menos de um ano depois da tragédia e Sophie se sente injustiçada vendo sua vida desabar, enquanto Darby sai impune como se nada tivesse acontecido.

A ausência de Malcolm (Edi Gathegi), o marido de Sophie, atinge cada camada de sua vida e afeta profundamente a filha do casal, Riley, que muda completamente sua personalidade, passa a tirar notas baixas na escola, desiste de tudo que gosta e abandona a vida social, tornando-se o completo oposto de quem era quando seu pai estava vivo. Riley começa a tratar a própria mãe como uma inimiga. Sem saber como lidar com todas as consequências que a trágica morte do marido causou em sua família, Sophie está desesperada.

Jabir Karim (Payman Maadi) é um motorista de táxi e ex-físico, assim como Malcolm. Eles eram amigos e compartilhavam um projeto secreto; uma máquina do tempo, mas que, ao invés de fazer as pessoas viajarem no tempo, provoca a morte de determinadas pessoas em detrimento de outras. Assistindo ao sofrimento de Sophie, Jabir decide contar a ela sobre a máquina secreta. Ele propõe que juntos eles façam com que o tempo volte e, ao invés de Malcolm morrer, Darby morra.

Feita a escolha, a experiência dá certo, revertendo a fatídica morte de Malcolm, devolvendo à Sophie e Riley a vida de antes. Só que a situação faz com que Sophie se aprofunde em reflexões morais sobre a decisão que tomou, afinal, ela se sente responsável por ter tirado a vida de uma pessoa, mesmo que seja daquele responsável pela morte de seu marido em uma realidade alternativa.

Sophie decide revelar a Malcolm sobre sua morte e o que teve que fazer para trazê-lo de volta. A culpa faz com que ela procure saber mais sobre quem era Darby e, ao contrário do que diz a Bíblia, a verdade ao invés de libertar Sophie, a prende em um ciclo de culpa.

Ela descobre que o homem não era uma má pessoa e que sua esposa, Kara (Whitney Morgan Cox), luta sozinha para arcar com os custos médicos da filha, Aggie (Veda Cienfugos), que sofre de esclerose múltipla. Sem o apoio de Darby, elas perdem até mesmo a casa da família. Então, Sophie, Malcolm e Jabir decidem voltar novamente no tempo para impedir a doença de Aggie.

Assim começa uma sucessão de tentativas para consertar erros que tornam a realidade cada vez mais complexa e problemática. Se você precisa de uma referência para tentar entender mais ou menos como este enredo funciona, “Aporia”, no Prime Video, tem uma premissa similar à de “Efeito Borboleta” e nos faz pensar sobre como pequenas ações reverberam de maneiras impensáveis. Apesar do desfecho pouco satisfatório, “Aporia” é inteligente, interessante e vale a reflexão. Além disso, é sempre refrescante ver um cineasta se aventurando em um projeto audacioso sem se vender ao circuito comercial.


Filme: Aporia
Direção: Jared Moshe
Ano: 2023
Gênero: Drama/Ficção Científica
Nota: 8/10