No amplo espectro cinematográfico, “O Dia do Atentado”, na Netflix, se destaca como uma análise introspectiva das reverberações causadas por eventos que abalam estruturas institucionais, políticas e, acima de tudo, a essência humana no contexto do século 21. Sob a direção habilidosa de Peter Berg, somos guiados por uma exploração penetrante de um tema perpetuamente presente nas discussões globais.
O fatídico 11 de setembro de 2001 não é apenas um evento histórico; é um divisor de águas entre dois mundos distintos – o antes e o pós-evento. O cerne da humanidade sempre abrigou um abismo de contradições, desejos de poder e um potencial inerente para ações que desafiam os limites da moralidade. O 11 de setembro, em sua brutalidade, desnudou a capacidade humana de ocultar a maldade, expandindo o horizonte do entendimento sobre até onde alguns indivíduos podem ir em nome de suas convicções.
A trama se desenrola em torno do terrível ataque que ocorreu durante a Maratona de Boston em 15 de abril de 2013 e provocou a morte de três pessoas e consternação por centenas de feridos. Berg, com sua abordagem única, nos conduz pelo árduo processo de rastreamento e captura dos responsáveis por esse crime. Esse evento sem precedentes mergulhou a cidade de Boston, com sua rica história desde 1630, em uma jornada inexplorada. A magnitude desse desafio exigiu a colaboração de forças armadas, agências federais, serviços de emergência e, acima de tudo, da comunidade local. Em meio a uma atmosfera tensa, Boston experimentou dias de expectativa, ansiedade e uma busca incessante por justiça.
O protagonista, Tommy Saunders (Mark Wahlberg), emerge como uma figura complexa e cativante. Personagem fictício criado pelas mentes de Berg e seus co-roteiristas, Saunders é um sargento enfrentando punições e desafios internos. Sua paixão e dedicação à força policial tornam sua relação com a corporação mais intensa do que seu envolvimento amoroso com Carol, interpretada por Michelle Monaghan. A dinâmica intrincada entre sua vida profissional e pessoal se entrelaça habilmente com os eventos tumultuados de Boston, colocando Saunders diante de desafios que transcendem o físico.
Berg conduz magistralmente o público do prólogo envolvente para o epicentro do caos. As cenas são carregadas de emoção, exibindo um realismo impactante ao retratar a devastação do atentado. Saunders, posicionado no meio dos eventos e enfrenta desafios que vão além do físico. Seu relacionamento tenso com o agente especial do FBI, Richard DesLauriers (Kevin Bacon), adiciona complexidade à trama. Essa dinâmica, aliada à meticulosa reconstrução do crime e à análise das evidências, guia o público até os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev, brilhantemente retratados por Alex Wolff e Themo Melikidze.
A captura dos responsáveis desencadeia sequências de ação intensas e emocionantes, acentuadas pela coragem de Dun Meng, um estudante do MIT feito refém pelos Tsarnaev. Jimmy O. Yang, mesmo com uma breve aparição, destaca-se em sua interpretação. No meio da representação visceral do terror, Berg habilmente entrelaça mensagens sobre amor, resiliência e esperança. Ao final, somos lembrados das vidas reais afetadas e da realidade por trás de cada cena, uma realidade que merece ser lembrada e honrada.
Filme: O Dia do Atentado
Direção: Peter Berg
Ano: 2016
Gêneros: Thriller/Drama/Biografia
Nota: 9/10