Considerado o melhor filme do século 21, obra-prima de David Lynch chegou ao Mubi e vai explodir sua cabeça

Considerado o melhor filme do século 21, obra-prima de David Lynch chegou ao Mubi e vai explodir sua cabeça

David Lynch apresenta um filme que, à primeira vista, parece ser um suspense narrando a história de uma mulher que sofreu um acidente de carro. Com uma premissa simples, a história se desenvolve aos poucos. O 1º ato é tão despretensioso que é difícil imaginar a grandiosidade que virá. Ao final, fiquei perplexa. Desnorteada e fascinada com o que assisti.

A trama inicia com um acidente automobilístico na estrada Mulholland Drive, em Los Angeles. Rita (Laura Harring) escapa da colisão, perde a memória e refugia-se em um edifício residencial administrado por Coco (Ann Miller). No mesmo prédio, Betty (Naomi Watts), uma aspirante a atriz recém-chegada à cidade, cruza o caminho de Rita e se empenha em ajudar a nova amiga a redescobrir sua identidade.

Gradualmente, a história revela novas camadas e nos submerge em um labirinto de questionamentos, ancorado por uma pergunta central: E se você pudesse concretizar seus sonhos? Diane, uma atriz não reconhecida e constantemente humilhada pelo amor de sua vida, Camilla, que pretende casar-se com outra pessoa, enfrenta essa realidade dura.

Em sua imaginação, Diane orquestra um acidente para Camilla no mesmo local do incidente real: Mulholland Drive, onde Camilla e Adam (Justin Theroux) anunciaram seu noivado. Diane sonha com uma vida idealizada em Los Angeles: vive na casa da tia, consegue o papel principal em uma produção, é reconhecida e aplaudida por sua performance e tem a chance de reconquistar seu amor, que não se lembra dela. Este sonho superpõe a narrativa original, introduzindo um enredo surpreendente. Quando se revela que tudo era um sonho de Diane, as peças se encaixam, e somos arrebatados por uma trama eletrizante e hipnótica, digna da genialidade de Lynch.

O filme, carregado de características lynchianas, materializa o medo de maneira inteligente, através de jump scares, personagens peculiares, iluminação e enquadramentos. Tudo é meticulosamente orquestrado.

Alfred Hitchcock argumentava que em um filme o efeito é mais importante que a lógica. Isso se aplica a “Cidade dos Sonhos”. Embora possa parecer confuso, o filme foi concebido para causar desconforto. Independentemente de sua interpretação, o filme evoca sentimentos intensos.

Sinceramente, minha experiência com este filme foi inigualável. Lynch detalhou cada parte dessa história de modo que palavras mal conseguem capturar sua essência. É uma experiência surreal, e não requer um “final explicado”. A obra fala por si.

Lynch tem a particularidade de nunca elucidar seus filmes. E, de fato, não é necessário. A arte é tão magnífica que tentar traduzi-la é fadado ao fracasso. Cada espectador interpreta de forma única, fazendo do cinema uma janela para universos paralelos.

“Cidade dos Sonhos” é a epítome da mente brilhante de Lynch. Gostaria de poder reviver a primeira vez que o assisti. É uma obra-prima essencial.


Filme: Cidade dos Sonhos
Direção: David Lynch
Ano: 2001
Gêneros: Mistério/Thriller
Nota: 10/10