A melhor comédia romântica do cinema, em 130 anos, está no Prime Video Divulgação / Castle Rock Entertainment

A melhor comédia romântica do cinema, em 130 anos, está no Prime Video

É inegável que Rob Reiner sabe contar histórias de amor. Autor de clássicos do cinema como “Conta Comigo” (1986) e “A Princesa Prometida” (1987), Reiner nos presenteia, ainda nos anos 80, com um carinho na alma em forma de filme: “Harry e Sally — Feitos Um para o Outro”.

A trama se inicia após a formatura na Universidade de Chicago em 1977. Harry (Billy Crystal) e Sally (Meg Ryan) se conhecem por intermédio de Amanda (Michelle Nicastro), uma amiga de Sally e atual namorada de Harry. Ambos estão indo para Nova York para iniciar uma nova fase de suas vidas. Sally deseja estudar jornalismo e se tornar uma grande repórter, enquanto Harry ainda é apenas um jovem mulherengo sem grandes ambições.

Sally é decidida, metódica, otimista e se destaca por sua forte personalidade. Tudo deve ser do jeito que ela deseja, e ela faz questão disso. Isso é notável tanto em suas aspirações profissionais quanto nas especificações detalhadas que ela sempre faz ao pedir um prato em um restaurante.

Harry é pessimista e namorador, e tem uma teoria: “Nenhum homem pode ser amigo de uma mulher”. Segundo ele, um homem é incapaz de estabelecer uma amizade sincera com uma mulher sem que haja interesse sexual envolvido. Sally discorda veementemente do posicionamento machista de Harry, principalmente depois que ele lhe oferece uma cantada, à qual Sally não corresponde, visto que ele e sua amiga Amanda estão juntos.

Quando Harry e Sally finalmente chegam a Nova York, eles se despedem e seguem suas vidas. A partir daí, o filme mostra a trajetória de cada um deles ao longo dos anos. Cinco anos após o primeiro encontro, os dois se reencontram repentinamente em um aeroporto. Sally está namorando e conseguiu se tornar repórter como sonhava, enquanto Harry trabalha como consultor político.

Ao perceberem que estão no mesmo avião, Harry e Sally decidem se sentar juntos e conversar sobre suas vidas e a atual situação profissional e amorosa de ambos. Harry está prestes a se casar, e Sally está namorando há um mês. Neste momento, Harry faz um adendo à sua antiga teoria: homens e mulheres podem ser amigos desde que ambos estejam envolvidos em relacionamentos amorosos com outras pessoas.

Cinco anos depois, Sally não está mais com seu namorado Joe (Steven Ford), e Harry está se divorciando de Helen (Harley Jane Kozak) após descobrir que ela o estava traindo. Justamente quando ambos estão carentes e frustrados amorosamente, o destino os reúne novamente em uma livraria.

A partir desse momento, Harry e Sally desenvolvem uma cumplicidade genuína. Os dois estão desapontados com seus respectivos relacionamentos, e suas expectativas foram cruelmente frustradas. A empatia e identificação que sentem pela situação um do outro os tornam inseparáveis. Eles passam a fazer tudo juntos: saem para jantar, assistem filmes e conversam sobre absolutamente tudo, tornando-se melhores amigos.

A realidade é que tudo o que os dois sempre sonharam em conquistar em um relacionamento foi atingido na amizade que desenvolveram. Sally queria um homem que a surpreendesse e valorizasse, enquanto Harry buscava uma parceira e um relacionamento estável com alguém que o amasse verdadeiramente.

A maneira como Harry valoriza os pequenos detalhes de Sally, e como ela, por sua vez, encontra nele um grande parceiro e companhia para todos os momentos, remete à famosa ideia de que o melhor para nós pode estar ao nosso lado sem que percebamos.

Aos poucos, o que parecia ser uma simples amizade começa a ganhar uma nova dimensão. Já existe uma atração sexual e uma química inegável entre os dois, e mesmo que tentem fingir que nada está acontecendo, é difícil de esconder. Algumas vezes, Harry e Sally tentam conhecer novos parceiros e explorar novos romances, mas nenhum se concretiza. Na verdade, essas tentativas apenas reforçam o quanto eles estão tentando esconder o que realmente sentem um pelo outro.

É evidente que não há outra opção para o casal: eles vão ficar juntos. Para nos convencer ainda mais disso, o diretor realça, por meio de planos de câmera e montagem, os olhares, abraços e risadas, evidenciando assim a principal característica desse romance: a impossibilidade de se separarem. Eles nunca estão plenamente felizes e completos quando estão separados.

A conclusão marca, para mim, o que há de mais belo e puro no cinema: a entrega do espectador. No final, estamos tão envolvidos que não conseguimos parar de assistir. A cereja do bolo vem quando Harry decide ir até Sally na festa de Ano Novo. A montagem relembra os momentos mais memoráveis do casal, acompanhada de uma trilha sonora envolvente. Quando Harry finalmente se declara para Sally, tudo se consagra e o espectador conquista o grande prêmio dos finais felizes: a redenção e união definitiva do casal.

“Harry e Sally” é um clássico dos anos 80 que retrata o amor de forma crua e real, complementado por uma fotografia aconchegante de Nova York e uma trilha sonora requintada que inclui canções de Louis Armstrong e Frank Sinatra.

Em conclusão, Harry e Sally protagonizam um enredo simples, mas encantam o espectador justamente por isso. A narrativa é um afago para o coração, e os diálogos são inteligentes e sensíveis, tornando a experiência agradável e envolvente. Quando os créditos sobem, a sensação é de um coração aquecido e acalentado por uma história que vai arrancar suspiros e sorrisos até dos mais rabugentos.


Filme: Harry e Sally — Feitos Um para o Outro
Direção: Rob Reiner
Ano: 1989
Gêneros: Romance/Comédia
Nota: 10/10