A história de amor que acaba de chegar na Netflix e que é diferente de tudo que você já viu Jurre Rompa / Netflix

A história de amor que acaba de chegar na Netflix e que é diferente de tudo que você já viu

“Um Clímax Entre Nós” não é uma comédia romântica tradicional. De origem holandesa, é a estreia de Joosje Duk na direção de um longa-metragem. A história gira em torno de Luna (Gaite Jansen) e Mink (Martijn Lakemeier), um casal apaixonado que completa um ano juntos e tudo parece perfeito. É isso, parece. Por dentro, as coisas são mais complicadas. Ao menos para Luna, que finge desde o começo seus orgasmos. Para Mink, tudo vai de vento em popa.

Quando Luna sugere que o casal faça um ménage a trois para apimentar o sexo, Mink fica surpreso, mas topa. Sua forma cuidadosa de lidar com o assunto dá a entender que ele tem medo de que Luna sinta ciúmes de vê-lo com outra pessoa ou de que seu interesse por ela vá diminuir. Mal sabe ele que a probabilidade é bem maior de que o contrário ocorra.

Então, eles encontram a pessoa ideal, Eva (Joy Delima), após uma verdadeira peregrinação. Eles se divertem em uma festa, conversam sobre si mesmos e vão para o apartamento do casal, onde o trio troca beijos, carícias e fluidos, mas a química mesmo acontece entre as duas mulheres, depois que Mink adormece no sofá e Eva e Luna podem finalmente compartilhar algum momento às sós. É a primeira vez que Luna tem um orgasmo sem precisar de um vibrador em um ano inteiro.

Satisfeita com o momento íntimo e de troca com Eva, Luna continua a encontrá-la, mas sozinha e sem contar para Mink. É claro que suas atitudes terão consequências emocionalmente dolorosas para ela e o companheiro, que precisam resolver seu problema de comunicação. Mas ela está disposta a correr os riscos.

Relacionamentos são sempre complicados. Lidar com as próprias emoções e as de outra pessoa é uma tarefa que não é para qualquer um. Somos embatumados de sentimentos selvagens que ainda não conseguimos domesticar, quanto mais assimilar, traduzir ou externar.  Estar em uma relação íntima é se colocar em uma posição vulnerável, onde a pessoa terá acesso aos mais primitivos e condenáveis pensamentos e emoções. Podemos tentar encobrí-los ao máximo, mas a verdade sempre se revela.

Quando Mink descobre, se sente traído e enganado. Tem ciúmes, mas pior, percebe que sua relação não tem sido boa desde o começo. É como se tudo fosse uma farsa. Não é culpa de Eva ou da decisão do casal de abrir uma vaga para uma terceira pessoa na cama. O sexo simplesmente não era bom para os dois desde a primeira vez. Mas quão importante é o sexo em uma relação entre duas pessoas que verdadeiramente se amam?

Luna precisa deixar que o medo de ferir o companheiro atrapalhe a comunicação. Ela precisa encontrar um caminho para a sinceridade. Já Mink precisa enxergar o sexo de forma menos autocentrada, egoísta. Ele deve descobrir o que agrada e dá prazer à parceira, sem se preocupar apenas com o próprio umbigo.

O enredo de Joosje Duk é bem-sucedido em explorar essa teia complexa de sentimentos, gestos e pensamentos que fiam um relacionamento. Jansen e Lakemeier podem até ser desconhecidos para muitos de nós, mas demonstram verdadeira sensibilidade ao interpretar seus papeis, tão naturais e honestos, além da química incrível que os envolve.

A fotografia de Ezra Reverda explora com delicadeza os cenários belíssimos e românticos de Amsterdã, nos arrebatando para dentro de suas imagens douradas e veranescas.


Filme: Um Clímax Entre Nós
Direção: Joosje Duk
Ano: 2023
Gênero: Romance/Drama/Comédia
Nota: 8/10